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24 de outubro de 2022
Jinping foi eleito para um 3º mandato, o que não havia acontecido desde Mao Tsé-Tung, que na prática era vitalício. Se isso pode não ser bom para a democracia (que, por sinal, jamais existiu na China), é interessante para o mercado. Entenda com Ivan Sant’Anna.

Durante o período stalinista na União Soviética (1922/1953), o ditador não se preocupava em dar satisfações à opinião pública sobre as mudanças hierárquicas em seu governo.           

A melhor maneira de se tomar conhecimento dessas alterações era ver a posição das autoridades em relação ao líder máximo nos desfiles militares em frente ao palanque montado sobre o mausoléu de Lenine.

Quanto mais perto de Stalin tivesse, melhor sua situação. E vice-versa.

Volta e meia, surgia um elemento novo ou desaparecia um dos veteranos. Isso podia significar que ele fora morto ou enviado para a Sibéria.

Na China, Mao Tsé-Tung usava um método parecido. Nas fotos oficiais, os que se sentavam próximos ao Grande Timoneiro estavam nas graças do ditador. Quanto mais longe, menos prestígio.

Havia também o tamanho e a altura de cada um desses assentos.

Em sua última foto, Chou-en-Lai, vice de Mao durante décadas, foi posto numa das extremidades. Pior, estava sentado numa cadeirinha dura, de pau, pouco maior do que essas de Jardim de Infância.

Eles passam grande parte de suas mensagens por simbolismo.

Na semana passada, realizou-se o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês no Grande Salão do Povo em Pequim.

Pela primeira vez, fotógrafos, cinegrafistas e repórteres foram autorizados a assistir o evento.

Sentado à direita do atual líder máximo, Xi Jinping, se encontrava seu antecessor, Hu Jintao. E, justamente quando este discursava, chegaram dois homens engravatados, aparentemente agentes de segurança, e o retiraram do salão.

Mais tarde, Jinping foi eleito para um terceiro período, o que não havia acontecido desde Mao Tsé-Tung, que na prática era vitalício.

Se isso pode não ser bom para a democracia (que, por sinal, jamais existiu na China), é interessante para o mercado. Este detesta incertezas, principalmente se elas ocorrem na segunda economia mundial, com seus 1 bilhão e quatrocentos milhões de habitantes.

Um forte abraço,

Ivan Sant’Anna.

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Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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