Relatório Inversa
Por Ivan Sant’Anna, Marcelo Cerize
Contribuiu para esta edição: Antonyo Giannini, CNPI
Antes que prossiga, deixe-me esclarecer que este texto não trata de futebol, nem de outro esporte.
Por mais incrível que possa parecer, já existem empresas do país do complexo de vira-lata que fogem ao estigma rodriguiano e pensam em se tornar a maior do mundo em seu ramo de negócios.
Melhor que isso: algumas já atingiram essa meta.
Comecemos pela Vale que, por sinal, pagou ontem um belíssimo dividendo aos seus acionistas.
Trata-se da maior mineradora de ferro do mundo, produzindo 300 milhões de toneladas anuais.
Não é só isso.
Hoje em dia, com os altos preços do produto, não é difícil ganhar dinheiro para quem possui concessões de jazidas.
Quando o ferro valia uma ninharia (antes da explosão chinesa), a Vale (então Cia. Vale do Rio Doce) conseguia ter os menores custos de extração e de transporte ferroviário, de operação dos portos especializados em graneleiros e do transporte marítimo.
Isso se chama logística e a Vale é campeã no assunto.
Araxá e Catalão, respectivamente no Oeste de Minas Gerais e no sudeste de Goiás, até meados do século 20 eram conhecidas por particularidades totalmente diferentes.
Se Catalão era terra de bandoleiros, jagunços que matavam a soldo, Araxá explorava suas fontes de água mineral e seu cassino. O presidente Getúlio Vargas, no exercício do cargo, frequentava assiduamente a instância.
Pois bem, as duas cidades, distantes 280 quilômetros uma da outra por rodovia, compartilham as maiores jazidas de nióbio do mundo.
Por lá não há pobreza, mendigos nas ruas, muito menos favelas.
O nióbio é metal de altíssima qualidade. Suas ligas são usadas em cápsulas espaciais, mísseis, foguetes, reatores nucleares e semicondutores.
A CBMM explora o metal em Catalão e Araxá.
JBS – quem não ouviu falar? Trata-se do maior produtor e exportador de proteína animal do planeta.
Antes a empresa dedicava-se somente à pecuária, com criação, abate e frigorífico, mas agora acrescentou a produção de frango e de suínos.
A compra da Pilgrim’s, maior frigorífico e abatedouro dos Estados Unidos, quando se encontrava em estado pré-falimentar, foi absorvida pela JBS. Estes, num passe de mágica, pagando 2,8 bilhões de dólares pela aquisição, passaram a deter 20% da produção americana de carne de frango.
Por falta de espaço, deixei de citar outras empresas brasileiras nas mesmas condições das citadas. Mas não poderia deixar de falar da Suzano, maior produtor mundial de celulose, Cosan, maior produtora de biocombustível do mundo, e Ambev, indiretamente através da InBev.
Para chegar lá, tais empresas possuíam vantagens sobre os concorrentes que são irreplicáveis, como nos casos do Vale, Suzano e Cosan, onde jazidas de minério com qualidade superior, terra farta, água e sol a um custo muito inferior ao dos concorrentes ou uma estratégia agressiva de crescimento através de aquisições levaram essas gigantes ao topo da cadeia em seus setores de atuação.
Contudo, cabe a nós investidores, o trabalho de descobrir quais empresas serão as maiores e quais das atuais líderes não estarão mais nessa lista daqui a 10 anos.
Se Lemann, Sicupira e Telles conseguiram se projetar entre os maiores empresários do mundo, quem serão os próximos brasileiros a figurar essa lista?