Elon Musk e o plebiscito da Tesla no Twitter

8 de novembro de 2021
Será que sua enquete no Twitter sobre vender uma parte bilionária de suas ações da Tesla foi mais uma jogada de mestre de Elon Musk?


Elon Musk e o plebiscito da Tesla no Twitter

O futuro de US$ 20bi de Tesla é decidido on line

Por Nícolas Merola, CNPI

 

 

Caro leitor, 

Se existe uma pessoa hoje que consegue mover mercados com apenas um Tweet, essa pessoa é Elon Musk. Na verdade, ele já o fez algumas vezes e, inclusive, foi forçado a deixar o cargo de Presidente do Conselho de sua própria empresa por conta de sua participação na rede social. 

A este ponto você inclusive já deve conhecê-lo: Musk é um visionário empreendedor sul-africano, naturalizado norte americano, responsável pela criação da Tesla, da SpaceX, entre outras empresas, e que já é o homem mais rico do mundo, com um patrimônio maior que de Bill Gates (Microsoft) e Warren Buffett (Berkshire Hathaway) juntos. 

Mais recentemente, em um post, ele fez um questionamento a seus leitores (imagem abaixo): “Ultimamente, muito se fala de ganhos não realizados serem um meio de evasão fiscal, então proponho vender 10% de minhas ações da Tesla. Você apoia isso?” e continuou: “Vou seguir os resultados desta enquete, seja qual for o caminho que for”. 

 

Fonte: Twitter (@elonmusk)

Elon, no tweet, se referia a grande discussão sobre a tributação de ganhos não realizados, que se tornou mais intensa do que nunca com o recente crescimento patrimonial dos 1% mais ricos durante a pandemia. Ou seja, se os mais ricos deveriam ou não ter um regime especial de tributação e passarem a ter seu patrimônio tributado ao invés de ter apenas seus ganhos tributados. 

Já me resguardando de tal polêmica em que Musk se meteu, e que provavelmente tomaria um outro texto inteiro para que fosse devidamente discutido, pulo para o resultado da tal enquete feita por ele: 

 

Interface gráfica do usuário, Aplicativo

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Twitter (@elonmusk)

Com mais de 3,5 milhões de votos, seus leitores votaram que sim, Musk deveria vender 10% de suas ações em Tesla (TSLA) para mostrar ao mundo que não tem medo de pagar impostos. Ou seja, Elon ao vender 10% de suas ações, que hoje representam aproximadamente 17% do valor de mercado da companhia, despejaria no mercado mais de US$ 20 bilhões de dólares em ações ao preço atual de US$1163,00 por ação. 

Mas, será essa só mais uma jogada de Elon? 

Negociada muito próximo do seu preço recorde histórico, com múltiplos de 393 vezes o seu lucro e a 45 vezes o seu patrimônio, Elon tem um grande incentivo em vender essas ações da companhia. 

A Tesla (TSLA), hoje, sozinha, já tem o valor de mercado maior que todas as outras 11 montadoras do mundo, em conjunto! Estou falando de Toyota, Volkswagen, Ford, BMW, Ferrari, BMW, GM, Mercedes entre outras. 

Além disso, mesmo após a venda, Elon pode, e provavelmente irá, recompor grande parte desse percentual em agosto de 2022, quando vencem suas opções de compra de 22,8 milhões de ações a um preço preestabelecido de US$6,84 cada. 

E você, o que acha que motivou Elon a propor essa venda? Ele fez isso pelo bem da causa e pela discussão sobre a tributação ou usou da situação para justificar uma venda de participação?

 

 

 

Se foi pelo segundo motivo, foi algo totalmente genial. É a primeira vez que um controlador pergunta para seus seguidores, e não para o mercado, se deveria vender um bloco de ações apenas para que esses peçam que sim, minimizando o impacto no mercado. É bem diferente quando um controlador vende uma ação e as pessoas ficam imaginando os vários porquês possíveis para tal atitude. Nesse caso: é porque vocês decidiram.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

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