Vale, CSN e Porto recompram ações. Já Itaúsa vende XP!
Por Pietro Tortoreli e João Abdouni, CNPI
Diariamente no mercado recebemos uma série de supostas “notícias”, como por exemplo, o futuro da taxa de juros, a instabilidade política, entre outros. Essas informações atualmente estão à disposição de todos os investidores, porém, grande parte desses alocadores de capital não conseguem segregar o que é de fato informação do que é ruído. Alguns acontecimentos importantes costumam ser sinais clássicos de informação no mercado de ações.
Sabemos que o mercado de valores se movimenta de forma cíclica, ainda mais no Brasil, e reflete as expectativas futuras sobre as empresas e a economia, analisando empresas a algum tempo podemos perceber que uma informação muito relevante são os programas de recompra de suas ações, algo que é colocado até mesmo em livros sobre investimentos.
O movimento de recompra de ações muitas vezes pode marcar fundos de ciclos de quedas, uma vez que as pessoas que mais entendem dos negócios estão no conselho de administração que justamente aprovam as recompras feitas pelas tesourarias, bem como as recompras de ações feitas pela própria administração.
Assim, o movimento de recompra de ações por parte das empresas pode nos indicar alguns sinais importantes. Ao recomprar ações a empresa pode estar indicando que talvez as ações daquela empresa podem estar “baratas”.
Neste ano de 2021 tivemos uma série de empresas com um volume de recompras bastante generoso, o que pode indicar que a empresa está considerando investir em suas próprias ações como a melhor alocação de capital para a instituição e seus acionistas naquele momento.
Trouxemos alguns exemplos desse movimento que ocorreram ao longo de 2021 no mercado brasileiro.
Começando pela Vale, que realizou compras de 17.465.900 ações a um preço médio de R$67,50, totalizando R$ 1,2 bilhão de reais.
Já a CSN realizou uma recompra de 24.082.000 ações a um preço médio de R$21,80, totalizando R$ 525 milhões.
Por fim, a Porto Seguro também liberou um processo de recompra de ações, com um máximo de até 5 milhões de ações que representam 5,5% do total das ações em circulação da companhia.
No entanto, não é apenas na ponta compradora que as tesourarias e controladores atuam. A Itaúsa, por exemplo, está reduzindo participação em uma de suas investidas, a XP. A companhia liderada pela família Setúbal vendeu cerca de 17,4% de sua participação na companhia gerida por Guilherme Benchimol. A venda foi de 7,8 milhões de ações e com isso a Itaúsa agora detém 37 milhões de ações da XP, ainda tendo uma opção de compra de outros 11,4% das ações da mesma XP, cuja conclusão deve ocorrer em 2022.
Diferente das compras, as vendas de participação não significam necessariamente que as ações estão caras, uma vez que a empresa que está vendendo as ações pode ter diversos motivos estratégicos para realizar essa captação de capital junto ao mercado.
Concluindo, o importante é que o investidor se lembre que quando uma empresa está realizando um movimento de recompra grande de suas ações, essa é uma informação relevante, pois indica que quem mais conhece da empresa acredita que as ações estão baratas. Mas as vendas por parte da administração não é um sinal tão claro, uma vez que não temos como saber exatamente a estratégia da empresa para o capital recebido.