Correndo atrás do mercado

15 de dezembro de 2022
Parece que os bancos centrais não perceberam que estamos vivendo um cenário parecido com o da década de 70 e início de 80 e continuam trabalhando com metas inflacionárias inexequíveis.

Durante anos, após a implementação do Plano Real, nós aqui no Brasil nos acostumamos com níveis baixos de inflação.

Houve momentos de exceção, é claro, quando, após o ataque especulativo ao real (final dos anos 1990), o governo FHC abandonou a meta de bandas cambiais ligeiramente ascendentes e adotou a política de dólar flutuante.

Mais tarde, em 2002, a administração ainda era Fernando Henrique, mas o mercado já vivia uma provável gestão Lula, que acabou se confirmando.

Durante o (des)governo Dilma, a coisa desandou. Mas uma política austera do sucessor, Michel Temer, com Ilan Goldfajn no BC, repôs as coisas nos eixos.

Durante quase todo esse tempo, o mundo desenvolvido conviveu com níveis de inflação próximos de zero.

Os bancos centrais se acostumaram, alguns praticaram taxas negativas, outras zero mesmo, como no caso do FED, e julgaram que isso duraria para sempre.

Só que surgiu a Covid-19, trazendo a reboque, entre outras coisas, farta distribuição de dinheiro aos cidadãos, acumulada com falta de insumos, tudo isso agravado com a guerra russo-ucraniana.

Pois bem, parece que os bancos centrais não perceberam que estamos vivendo um cenário parecido com o da década de 1970 e início dos anos 1980 e continuam trabalhando com metas inflacionárias inexequíveis.

Como o mercado financeiro não trabalha com metas, e sim com a realidade do dia a dia, os BCs estão correndo atrás dele, sem alcançá-lo.

Outro grupo que se mira na realidade, e não nos planos dos burocratas, é o dos sindicatos fortes. Greves estão começando a pipocar nos países desenvolvidos. Elas são fatores realimentadores da inflação.

Sugiro que, ao invés de se debruçar nos comunicados dos BCs, os investidores, especuladores, traders e gestores prestem mais atenção ao que os mercados estão revelando.

Um forte abraço,

Ivan Sant'Anna

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Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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