Contra fatos não há argumentos
Por Ivan Sant'Anna
Meados do ano passado – o Brasil ocupava o desonroso segundo lugar no ranking de mortos por coronavírus e um dos piores em número de óbitos por habitante.
Com o governo demorando a aceitar ofertas da vacina, distribuindo remédios inúteis, e até mesmo prejudiciais, à população, tudo indicava que seríamos um dos últimos países a vencer a pandemia.
Felizmente, não é isso que está acontecendo.
No início deste mês, pela primeira vez desde o primeiro óbito ocorrido em março de 2020, o estado de São Paulo não registrou mortes por Covid em 24 horas.
Mais de 70% da população paulista já apresenta um esquema vacinal completo, incluindo nessa conta a dose de reforço dos grupos que a ela têm direito.
Neste último fim de semana, a cidade do Rio de Janeiro teve o primeiro dia sem nenhuma morte causada pelo vírus. Mais auspicioso ainda é o fato de que não há mais nenhum leito de hospital público da capital fluminense ocupado por paciente de Covid.
Por mais incrível que isso possa parecer, o mesmo não acontece em diversos países altamente desenvolvidos do continente europeu.
Na Holanda, Bélgica e Dinamarca, manifestantes entraram em confronto com a polícia, protestando contra medidas restritivas à população, tais como a obrigatoriedade de apresentação do atestado de vacina para entrar em bares, restaurantes e outros ambientes fechados.
Nesses três países, foi necessário o uso de canhões d'água para debelar a revolta.
Enquanto isso, a Áustria cogita implantar lockdown em todo o país, para pôr fim ao forte incremento da pandemia.
O doutor Hans Kluge, diretor da Organização Mundial de Saúde, declarou que meio milhão de mortes poderão ocorrer no continente europeu até a próxima primavera, se medidas preventivas, como vacinação e uso obrigatório de máscaras, não forem aceleradas imediatamente.
Quem poderia esperar que, em pleno século 21, o obscurantismo tomasse conta da Europa, o continente da Peste Negra que, entre 1346 e 1352, matou mais de 100 milhões de pessoas?
Contra fatos, não há argumentos. Após um início trágico, o Brasil soube lidar com a pandemia. Grande parte do mérito se deu graças ao comportamento da população.
Era o mínimo podia se esperar no país de Oswaldo Cruz.