A bolsa brasileira está realmente barata? 

21 de dezembro de 2021
Hoje trazemos um estudo para analisar se a bolsa brasileira está realmente barata e, portanto, se é um bom momento para ir às compras!

A bolsa brasileira está realmente barata? 

Por João Abdouni, CNPI e Pietro Tortoreli

 

No mundo dos investimentos diversas métricas são utilizadas para definir se um ativo está barato ou não. Um dos mais utilizados múltiplos é o P/L, um cálculo básico do preço do ativo dividido por seu lucro, dessa forma, quanto mais baixo esse indicador, melhor é essa relação e mais barato é o ativo.

O índice Bovespa hoje encontra- se com um P/L de 6,89x, valor bem abaixo de sua média histórica em torno de 12x. O estudo desse indicador isolado pode nos dar um indicativo de que os ativos brasileiros estão em valores depreciados, podendo ser um bom momento para compra.


Porém, diversos fatores influenciam nos lucros das empresas, o ciclo de commodities, instabilidade política e uma economia enfraquecida são alguns fatores cíclicos que influenciam as companhias e seus lucros, dessa forma, o P/L possui suas limitações, visto que pode estar refletindo uma realidade momentânea sobre o lucro das empresas e o humor dos investidores.

O Shiller P/E (Price Earnings ou Preço sobre lucro), uma métrica muito utilizada nos Estados Unidos, é basicamente o índice preço / lucro de um ativo, considerando a média de lucros dos últimos 10 anos, corrigida pela inflação. Com isso, é possível obter um múltiplo de lucro ajustado ciclicamente, excluindo dos lucros as flutuações causadas por fatores externos, que podem não se manter a longo prazo.

Nós, da Inversa, resolvemos trazer um estudo semelhante para o Ibovespa, seguindo na linha do Shiller P/E, porém realizando o cálculo com a média de lucros dos últimos 5 anos. 

O estudo mostra o P/L do Ibovespa desde o primeiro trimestre de 2005 até 2021. 


O P/L calculado com o lucro atual das empresas está em patamar bem menor do que a média de lucros dos últimos 5 anos, o que indica que os lucros atuais das companhias estão maiores do que essa média recente. Isso acontece porque os lucros das empresas exportadoras estão bastante elevados devido a commodities como petróleo e minério de ferro estarem em patamares bastante elevados, bem como o dólar, que está bastante valorizado frente ao real, atualmente negociado a 5,75, um dos patamares nominais mais elevados da história.

Apesar disso, o preço dos ativos não acompanhou, e diversos fatores podem explicar esse fato: a elevação da taxa de juros, outras oportunidades de investimento, como investimentos no exterior, e os constantes conflitos políticos, apenas para listar algumas.

Claro que é esperado que ocorra uma redução de lucros em algum momento, pois sabemos que a média histórica dos preços de minério de ferro (atualmente 124 por tonelada) e petróleo (negociando 73 dólares por tonelada) estão abaixo dos níveis atuais, e que Vale e Petrobras somam 23% de participação na carteira do índice.

Ainda assim, acreditamos que o principal índice da bolsa brasileira a 6,9 vezes lucro, mesmo com alguma queda de lucro programada, está barato e pode render uma boa rentabilidade para o investidor que inteligentemente alocar seu capital em ações brasileiras nesse momento.
 

Conheça o responsável por esta edição:

Pietro Tortoreli

Especialista em investimentos

Graduando de engenharia de produção no Instituto Mauá de Tecnologia e apaixonado pelo mercado financeiro, Pietro passou a estudar sobre o assunto ainda no início da faculdade e desde 2021 integra o time de especialistas em investimentos da Inv.

Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

A Inv é uma Casa de Análise regulada pela CVM e credenciada pela APIMEC. Produzimos e publicamos conteúdo direcionado à análise de valores mobiliários, finanças e economia.
 
Adotamos regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários em sua Resolução nº 20/2021 e Políticas Internas implantadas para assegurar a qualidade do que entregamos.
 
Nossos analistas realizam suas atividades com independência, comprometidos com a busca por informações idôneas e fidedignas, e cada relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal do signatário.
 
O conteúdo produzido pela Inv não oferece garantia de resultado futuro ou isenção de risco.
 
O material que produzimos é protegido pela Lei de Direitos Autorais para uso exclusivo de seu destinatário. Vedada sua reprodução ou distribuição, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da Inversa.
 
Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240