Pai Rico Pai Pobre Daily #18 - O tipo de teoria que nunca morrerá

11 de novembro de 2020
Por que a guerra geralmente não é sobre patriotismo... Dinheiro e poder sempre provocarão as pessoas a fazerem isso... A única matéria que as escolas falham ao ensinar...
  • Por que a guerra geralmente não é sobre patriotismo... 
  • Dinheiro e poder sempre provocarão as pessoas a fazerem isso...
  • A única matéria que as escolas falham ao ensinar...


Caro(a) leitor(a),

Em 1983, li um livro escrito por R. Buckminster Fuller intitulado “Grunch of Giants” (“Cacho de Gigantes”, em tradução livre).

A palavra grunch é um acrônimo para Gross Universe Cash Heist (“Roubo do Dinheiro Grosso do Universo”, em tradução livre). É um livro sobre os “super ricos” e os superpoderosos, mostrando como roubam e exploram pessoas há séculos.

É um livro sobre a conspiração dos ricos.

Grunch of Giants narra de reis e rainhas de milhares de anos atrás até os tempos modernos. O texto explica como os ricos e poderosos sempre dominaram as massas. 

O livro também mostra como os ladrões modernos de banco não utilizam máscaras. Ao invés disso, usam terno e gravata, têm diplomas universitários e roubam bancos por dentro, não por fora.

Depois de ler o livro há tantos anos, pude ver nossa atual crise financeira chegando – só não sabia exatamente quando chegaria. 

Um motivo pelo qual meus investimentos e empreendimentos comerciais vão bem, a despeito de crises econômicas, é porque li Grunch of Giants. O livro me deu tempo para me preparar para qualquer crise.

Livros sobre conspirações são frequentemente escritos por alguém "a margem". O Dr. R. Buckminster Fuller, embora à frente de seu tempo em termos de pensamento, não era um indivíduo “marginalizado”. 

Ele cursou a Universidade de Harvard e, embora não tenha se graduado lá, se saiu muito bem (assim como outro famoso desistente de Harvard, Bill Gates).

O Instituto Americano de Arquitetos homenageia Fuller como um dos maiores arquitetos e designers do país. É considerado um dos americanos mais reconhecidos da história, tendo um número substancial de patentes em seu nome. 

Era um visionário respeitado e serviu de inspiração para a letra de John Denver sobre o "avô do futuro" em sua canção "What One Man Can Do" (“O que um homem pode fazer”). Fuller era um ambientalista antes que a maioria das pessoas soubesse o que a palavra significava.

Mas, acima de tudo, é respeitado porque usou sua genialidade para trabalhar por um mundo que beneficiava a todos... não apenas a si mesmo ou aos ricos e poderosos.

Li uma série de livros do Dr. Fuller antes de Grunch of Giants. A dificuldade, para mim, era que a maioria de seus livros anteriores era sobre matemática e ciências. Esses livros estavam além da minha compreensão. Mas este texto eu entendi.

A leitura do livro do Dr. Fuller confirmou muitas das minhas suspeitas internas sobre a forma como o mundo funcionava. Comecei a entender por que não ensinamos às crianças sobre o dinheiro na escola. Também entendi por que fui enviado ao Vietnã para servir em uma guerra que nunca deveríamos ter lutado.

De forma simples, guerras são lucrativas. Guerras geralmente são sobre ganância, não patriotismo. Depois de nove anos como militar, quatro frequentando uma academia militar federal e cinco como piloto do Corpo de Fuzileiros Navais que serviu no Vietnã duas vezes, poderia somente concordar com o Dr. Fuller.

Entendi através da minha própria pele porque ele se refere à CIA como “Capitalism’s Invisible Army” (“Exército Invisível do Capitalismo”, na tradução livre).

A melhor coisa sobre Grunch of Giants foi que despertou o estudante em mim. Pela primeira vez na minha vida, queria estudar um assunto: como os ricos e poderosos exploram o resto de nós – legalmente.

Desde 1983, estudei e li mais de 50 livros sobre o assunto. Em cada livro, encontrei uma ou duas peças do quebra-cabeça.
 

Existe alguma conspiração?

Teorias da conspiração existem aos montes. Todos nós já ouvimos alguma.

Existem teorias da conspiração sobre quem matou os presidentes Lincoln e Kennedy, e sobre quem matou Martin Luther King Jr. Também existem teorias da conspiração sobre o 11 de setembro de 2001.

Essas teorias nunca morrerão. Teorias são teorias. São baseadas em suspeitas e perguntas sem resposta.

Não estou escrevendo isso para vender a você outra teoria da conspiração. Minha pesquisa me convenceu de que sempre tiveram muitas conspirações de ricos, tanto no passado quanto no presente, e haverá mais conspirações no futuro. 

Quando dinheiro e poder estão em jogo, sempre terão conspirações. Dinheiro e poder sempre farão com que as pessoas cometam atos corruptos.

Em 2008, por exemplo, Bernard Madoff foi acusado de montar um esquema Ponzi de US$ 50 bilhões para fraudar não apenas clientes ricos, mas também escolas, instituições de caridade e fundos de pensão. 

Madoff já ocupou a posição altamente respeitada de head da Nasdaq; não precisava de mais dinheiro, mas supostamente roubou por anos de pessoas muito inteligentes e organizações dignas, que dependiam de seu trabalho nos mercados financeiros para sobreviverem.

Outro exemplo da corrupção do dinheiro e do poder é gastar mais de meio bilhão de dólares para ser eleito presidente dos Estados Unidos, um emprego que paga apenas US$ 400.000. Gastar dinheiro assim em uma eleição não é saudável para o país.

Então, há uma conspiração? Acredito que sim, de alguma forma.

Mas a questão é: e daí? O que eu e você faremos a respeito? A maioria das pessoas que provocaram as crises financeiras está morta, mas seu trabalho continua vivo. Discutir com pessoas mortas é inútil.

Independentemente de haver uma conspiração, existem certas circunstâncias e eventos que impactam sua vida de maneira profunda e invisível.
 

Educação Financeira 

Consideremos a educação financeira, por exemplo. Muitas vezes fiquei perplexo com a falta de educação financeira em nosso moderno sistema escolar.

Na melhor das hipóteses, nossos filhos aprendem como equilibrar um talão de cheques, como especular no mercado de ações, como economizar dinheiro nos bancos e investir em um plano de aposentadoria para o longo prazo. 

Em outras palavras, são ensinados a entregar seu dinheiro aos ricos, que supostamente têm as melhores intenções.

Toda vez que um educador traz um funcionário de um banco ou um planejador financeiro para a sala de aula, supostamente em nome da educação financeira, estão na verdade permitindo que a raposa entre no galinheiro. Não estou dizendo que bancários e planejadores financeiros são pessoas ruins.

Tudo o que estou dizendo é que são agentes dos ricos e poderosos. Seu trabalho não é educar, mas recrutar futuros clientes. É por isso que pregam a doutrina de poupar dinheiro e investir em fundos mútuos. Ajuda o banco, não você.

Novamente, reitero que isso não é ruim. É um bom negócio para o banco. Não é diferente do que recrutadores do Exército e da Marinha fizeram na minha escola quando estava no colégio, vendendo aos alunos a glória de servir ao nosso país.
 

Conselho bom X conselho ruim

Uma das causas da crise financeira é que a maioria das pessoas não sabe distinguir conselhos financeiros bons de conselhos financeiros ruins.

A maioria das pessoas não consegue diferenciar um bom consultor financeiro de um vigarista. A maioria das pessoas não é capaz de distinguir um bom investimento de um ruim. A maioria das pessoas vai à escola para conseguir um bom emprego, trabalhar duro, pagar impostos, comprar uma casa, poupar dinheiro e entregar o dinheiro extra a um planejador financeiro – ou a um especialista como Bernie Madoff.

A maioria das pessoas sai da escola sem sequer saber as diferenças básicas entre uma ação e um título, entre dívida e patrimônio. Poucos sabem por que as ações preferenciais são rotuladas como preferenciais e por que os fundos mútuos são mútuos, ou a diferença entre um fundo mútuo, um fundo de hedge, um fundo negociado em bolsa e um fundo de fundos.

Muitas pessoas pensam que contrair dívidas é ruim, mesmo que certas dívidas podem torná-las ricas. A dívida pode aumentar seu retorno sobre o investimento, mas somente se você souber o que está fazendo.

Poucos sabem a diferença entre ganhos de capital e fluxo de caixa e qual é menos arriscado. A maioria das pessoas aceita cegamente a ideia de ir à escola para conseguir um bom emprego e nunca sabe por que os funcionários pagam alíquotas de impostos mais altas do que o empresário, dono do negócio. Hoje, muitas pessoas estão em apuros porque acreditavam que sua casa era um ativo, quando na verdade era um passivo.

Estes são conceitos financeiros básicos e simples. No entanto, por algum motivo, nossas escolas convenientemente deixam de fora um assunto necessário para que se seja bem-sucedido na vida – dinheiro.

Em 1903, John D. Rockefeller criou o Conselho Geral de Educação. Parece que isso foi feito para garantir um suprimento constante de funcionários que sempre precisaram financeiramente de dinheiro, de um emprego e de segurança no emprego.

Há evidências de que Rockefeller foi influenciado pelo sistema prussiano de educação, um sistema projetado para produzir bons funcionários e bons soldados, pessoas que cegamente obedecem a ordens, como "faça isso ou seja demitido" ou "passe seu dinheiro para mim por proteção, e eu vou investir para você”.

Independentemente da intenção de Rockefeller ao criar o Conselho Geral de Educação Geral, o resultado hoje é que mesmo aqueles com boa educação e um emprego seguro estão se sentindo financeiramente inseguros.

Sem uma educação financeira básica, segurança financeira de longo prazo é quase impossível. Em 2008, milhões dos norte-americanos baby boomers (indivíduos nascidos entre 1946 – final da Segunda Guerra Mundial – e 1964) começaram a se aposentar a uma taxa de 10.000 por dia, esperando que o governo lhes garantisse assistência financeira e médica.

Hoje, muitas pessoas estão finalmente aprendendo que a segurança no emprego não garante segurança financeira de longo prazo.

Jogue com inteligência,

Robert Kiyosaki

Conheça o responsável por esta edição:

Robert Kiyosaki

Robert é autor de Pai Rico, Pai Pobre - livro nº1 de finanças pessoais de todos os tempos -, uma obra que desafiou e mudou a forma como dezenas de milhões de pessoas pensam sobre dinheiro. Empreendedor, educador e investidor, Robert é conhecido no mundo todo pela irreverência e forma franca de falar, colocando seus seguidores sempre um passo à frente da opinião popular.

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