Investigador Financeiro #12 - Dois bicudos que se bicam

18 de abril de 2018
“Escolho na fundamentalista, compro na técnica”.

Olá,      

Eu não gosto de verdades absolutas. Na verdade, me considero uma pessoa extremamente pragmática.

Por isso, sempre utilizo a frase: “Não importa se o gato é preto ou branco, desde que cace os ratos”.

Quem cunhou essa máxima foi Deng Xioping, o homem que teve um papel central na China após a morte de Mao Tsé-Tung, em 1976.   

Após os desastres da Revolução Cultural e do Grande Salto Adiante impostos por Mao, Deng (um personagem absolutamente contraditório, pois era filho de um rico fazendeiro e virou comunista) analisou os resultados na economia do seu país e não gostou do que viu.

E, pragmaticamente, ao tomar o poder na China, colocou em prática a sua máxima. Basicamente, estava dizendo aos companheiros: vamos esquecer este papo de revolução e vamos enriquecer e modernizar o país.  

Fico imaginando Deng, um líder comunista histórico, explicando isso para uma sala cheia de velhos marxistas ortodoxos, em plena Guerra Fria. 

Mas ele tinha um plano e uma visão...

Em 1979, foi o primeiro líder chinês a visitar os Estados Unidos para buscar investimentos. Deu show: abraçou o presidente Jimmy Carter, beijou as criancinhas americanas e até colocou chapéu de cowboy em um rodeio, no estado do Texas.

O resultado é que, décadas depois, a China se modernizou e se tornou uma potência econômica mundial, capaz de rivalizar com os Estados Unidos.

Antes de você me enviar um e-mail me acusando de defender ou fazer apologia ao regime comunista, a uma ditadura, etc., etc., etc... Calma! Não estou fazendo aqui um juízo de valor, só estou relatando um fato histórico.
          
Muitos achavam que era impossível e inconciliável combinar os dois sistemas (capitalista e comunista), mas, de fato, isso aconteceu na China.
      
Mas por que estou contando isso?
       

Desde que comecei a trabalhar com investimentos, escuto sobre a “rixa” entre os analistas fundamentalistas e técnicos (ou grafistas, como também são conhecidos).
      
Os dois tipos de análise seriam como água e óleo...    

Enquanto os técnicos estudam a evolução dos gráficos, buscando os melhores momentos para entrar e sair das operações, os fundamentalistas olham a economia e os balanços financeiros da empresa, fazendo cálculos para saber se a ação está cara ou barata.

Misturar os dois conceitos, então, nem pensar: esse é um dos grandes tabus entre os analistas de mercado!

Mas aqui na Inversa não temos tabus. Acreditamos que mais importante do que ser ortodoxo é fazer os assinantes ganharem dinheiro.     

Em seu livro sobre investimento “Faça fortuna com ações antes que seja tarde”, o investidor e jornalista Décio Bazin diz: “Enquanto os práticos ganham dinheiro, os teóricos se realizam fazendo adeptos”.

Lembro-me, por exemplo, de um videochat que participei com o Pedro Cerize, para os assinantes da sua série  A Carta.
     
Um dos leitores perguntou como ele escolhia os ativos para o seu lucrativo fundo de investimentos. A resposta foi rápida e certeira: “Escolho na fundamentalista, compro na técnica”. Por isso, é perfeitamente possível aproveitar o melhor dos dois mundos. Por que, como disse Deng, em outra máxima famosa, “enriquecer é glorioso”.

Escreva para mim contando a sua opinião ou com perguntas sobre investimento no investigador@inversapub.com.

Um abraço,

André Zara

Conheça o responsável por esta edição:

Andre Zara

Especialista em Investimentos para Leigos

André Zara é autor da newsletter “Investigador Financeiro” e sócio da Inversa. Participa das publicações Investidor Completo e Crypto Evolution e, em sua carreira, já colaborou com publicações da Folha de São Paulo, d’O Estado de São Paulo, da editora Abril e do Sebrae-SP. É investidor, empreendedor, entusiasta do mercado de criptomoedas e de projetos de disseminação da cultura de investimentos no Brasil.

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