Caro leitor,
Encontrei isso ao buscar pela palavra “homeoffice” no google trends:
Para quem não está familiarizado, esta ferramenta mensura a frequência de buscas dentro do navegador, em um índice que vai de 0 a 100.
Parece fora de contexto, eu sei, mas é sobre isso que quero falar.
Escrevo esta carta do conforto de meu escritório improvisado, com uma pilha de livros servindo de suporte para o notebook – que agora se conecta à Tevê, ao invés do habitual monitor – e com o banquinho da cozinha servindo de cadeira.
Estimo que, em dois dias, já esteja 100% adaptado ao novo ecossistema e ambientado à nova rotina de videoconferências, aplicativos de compartilhamento de dados e com as horas poupadas com o deslocamento até a Inversa.
Muito provavelmente essa é também sua realidade, ou a realidade de amigos e de familiares, com o país à beira de um confinamento.
E, ao contrário do que acreditava há algumas semanas, não creio que esse movimento que estamos vendo acontecer regrida em sua plenitude.
Digo isso do ponto de vista da “destruição criativa” que nos cerca, para citar aqui o brilhante economista austríaco, Joseph Schumpeter.
Schumpeter defendia que o capitalismo tem por essência longos processos de rearranjo, que se confundem em meio aos ciclos econômicos.
Parece complicado, mas basicamente o que ele diz é: vez ou outra, o mundo passa por inovações nas formas de criação de riqueza, que abrem espaço para novos ciclos de progresso. Destruir para construir.
E tudo me leva a crer que estamos diante de uma transição das grandes.
Pensa comigo. Se tem uma coisa que apavora qualquer empreendedor, é promover mudanças que não sejam essenciais para a sobrevivência da empresa e que possam gerar impactos financeiros imediatos, como é o caso do homeoffice.
- Eu, me arriscar a liberar meus funcionários para trabalhar de casa e ver as vendas caírem ladeira abaixo?! Aqui ó...
contece que, de uma semana para a outra, fomos todos praticamente obrigados a promover a digitalização extrema de nossas atividades, colocando à prova todo o acúmulo tecnológico que se coloca hoje à nossa disposição.
Seleção natural de Darwin.
Aqueles que melhor adaptados à nova realidade estiverem, mais plenamente gozarão de um novo ciclo virtuoso. Sabe aquele papo de crescer na dificuldade, pois é...
Só que com uma camada dupla de neblina instalada sobre os mercados e com os investidores vendendo ações da Kimberly-Clark para comprar papel higiênico, talvez isso não fique evidente em um primeiro momento.
No curto prazo, é nítido que o PIB vai se contrair e é claro que as empresas vão sofrer (umas mais e outras menos), mas a lição que vai ficar é a capacidade das empresas de fazer mais com menos e a capacidade de operar sob um novo sistema de produção, o digital.
Indo além, tente imaginar os potenciais reflexos desta transição sobre a economia como um todo.
Menos deslocamento potencialmente significa queda na demanda por combustíveis fósseis, melhora na qualidade do ar, diminuição do tráfego nas grandes cidades e eventualmente redução de despesas para as empresas.
Restaurantes e supermercados de bairro veriam explodir a demanda...
Enfim, ficaria horas aqui especulando as derivadas desse movimento, mas a mensagem que deixo aqui é: no meu ponto de vista, essa é a verdadeira oportunidade do século que se coloca à nossa frente.
E o melhor é que existem muitas empresas no Brasil preparadas para surfar essa nova realidade, muitas delas em liquidação neste momento.
Por isso, minha sugestão é que encare as quedas recentes como oportunidades para revisitar seu portfólio e identificar como essas empresas se prejudicam ou se beneficiam deste cenário, para que consiga promover ajustes pontuais.
E se você está chegando agora, minha dica é buscar por empresas boas pagadoras de dividendos, que possuam claras barreiras à competição, tenham espaço para investir e que possam se beneficiar desta oportunidade do século, como as que eu escolho dentro da série Income Builder.
Aproveite, pois não há hedge (proteção) melhor do que pagar barato.
Um abraço e até semana que vem!
Felipe Paletta