Olá.
Se 2020 foi um ano desafiador, 2021 não parece - definitivamente - estar para brincadeira.
A segunda onda de Covid-19 que parecia não assustar trouxe mais incertezas, colidindo com diferentes abordagens ao combate ao vírus e descompassos nas agendas de vacinação em massa, além da alteração das relações políticas e econômicas com Joe Biden à frente dos Estados Unidos, inflação em evidência em todo mundo e dúvidas quanto aos impactos estruturais que a pandemia nos deixará.
Como se não bastasse, aqui no Brasil a eleição de 2022 foi oficialmente inaugurada com a recuperação dos poderes eleitorais de Lula e os riscos de polarização ainda maior na política, refletindo potencialmente em maior populismo e desalinhamento fiscal.
E como se a tempestade não fosse perfeita para quem toma decisões de investimento na Bolsa, navegando na internet esta semana me deparo o seguinte gráfico:
O gráfico mostra a recorrência de buscas pelo termo "day trading" no google.
E pelo que você pode ver, aparentemente a quarentena tem feito com que muitas pessoas passassem a tentar compor uma renda extra especulando nos mercado.
Justamente quando temos grandes oportunidades de comprar belas empresas a preços razoáveis, com potencial de multiplicar por várias vezes o patrimônio em alguns anos, muita gente está encarando suportes e resistências gráficas como a solução para quitar o rotativo do cartão de crédito.
Por isso, se você que está lendo essa carta é uma dessas pessoas ou conhece alguém que se intitulou de trader em 2020, por favor, tome cuidado.
Se você for inteligente e souber olhar para as oportunidades certas, você ficará entediado(a) ao perceber quão pouco você precisa girar o seu dinheiro para vê-lo crescer à medida que as economias se recuperarão da pandemia.
Muitas delas estão longes das auspiciosas empresas de tecnologia, que já carregam no preço de suas ações um crescimento acima do razoável.
Pensando nisso, resolvi abrir duas empresas recomendadas na minha série Top Trades que podem ser muito "chatas", mas podem lhe render bons retornos nos próximos anos:
(B3: SUZB3)
Maior referência global de celulose do mundo, a Suzano tem tudo para se beneficiar do incipiente movimento de recuperação do preço da commodity, justamente por contar com vantagens competitivas claras, o menor custo caixa de produção, materialização acima das expectativas das sinergias com a Fibria e rápido – e até aqui bem executado – processo de desalavancagem.
Beneficiada ainda pelos cuidados higiênicos que eclodiram junto à pandemia, vejo como pouco provável a diminuição de consumo nos países asiáticos (grandes drivers desse movimento)
Vendendo 10,5 milhões de toneladas a US$ 700, a Suzano pode gerar cerca de US$ 2,5 bi de caixa livre aos acionistas esse ano. Com um valor de mercado de US$ 18 bi, a companhia estaria negociando a um cash yield de 14%. Mesmo ajustado ao risco Brasil, vejo muita margem de segurança na compra das ações.
(NYSE: BRK.B | BDR: BERK34)
Sediada em Omaha, Nebraska (EUA), a holding Berkshire Hathaway é uma das maiores empresas do mundo em valor de mercado e exala em seu conglomerado de investimentos (em empresas abertas e fechadas) a brilhante trajetória de um dos maiores investidores de todos os tempos, Warren Buffett.
Com aproximadamente 40% do patrimônio da empresa posicionada em empresas de capital fechada em segmentos ligados a infraestrutura e seguradoras e 60% do restante em grandes empresas listadas nos EUA e em todo o mundo, a Berkshire é uma grande referência dentro da escola tradicional de value investing, teses que ficaram de lado na última década com os investidores pagando grandes prêmios pelas empresas de tecnologia.
Dentre as principais empresas de capital aberto que Buffet possui, podemos destacar Apple, Bank of America, Coca-Cola, American Express e Kraft-Heinz.
Berkshire Hathaway não é, assim como Suzano, uma tese barata, mas a capacidade de alocação de capital da empresa ao longo das últimas décadas me faz acreditar que a empresa está bem-posicionada para surfar a transição do mercado das teses de crescimento para as teses de valor, muitas delas ligadas à velha economia.
Como diria o próprio Buffett:
“É muito melhor comprar uma empresa maravilhosa por um preço justo do que uma empresa justa por um preço maravilhoso.”
Vou ficando por aqui, se você gostou dessa newsletter não esqueça de escrever para ideias@inversa.com.br dizendo o que achou, combinado?
Grande abraço,
Felipe Paletta, CNPI