Ideias do Paletta #30 - 5 ativos para a janela de seis meses

19 de outubro de 2020
Prepara-se agora com estas recomendações para seus investimentos

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“Prepare-se para o rali de final de ano”.

Conteúdos como esse têm lotado a minha caixa de entrada.

Talvez ansiosos para recuperar as perdas que se acumularam desde que o Ibovepa atingiu os 105 mil pontos, em julho deste ano, os investidores parecem se ancorar nas fortes altas no final de 2018 e 2019 e aguardam um repique mais forte da Bolsa.

Mas será que faz sentido pensar dessa forma?

Para entrarmos nessa discussão eu quero que você dê uma olhada nessa tabela:

Fonte: Bloomberg | Elaboração: Inversa

Aqui eu compilei o retorno médio do Ibovespa em diversas janelas temporais, para que você consiga enxergar o comportamento sazonal das ações.

Nas últimas duas colunas, demonstrei o percentual de vezes – dentro dessas janelas de tempo – que os retornos no primeiro e no último trimestre dos anos foram positivos.

Fazer isso nos traz uma sensibilidade quanto à probabilidade de ocorrência desse evento, diante das evidências históricas.

O curioso é notar que o histórico da Bolsa brasileira reforça a visão de que a ocorrência de um rali de final de ano não só existe, como costuma ser acompanhado por um rali de começo de ano.

Pensando probabilisticamente, podemos ver claramente na tabela anterior que as chances de retorno são até superiores no começo do ano.

E por que isso acontece?

Simples. O final e o começo dos anos marcam transições importantes na política, nos planos de negócio das companhias e coincidem com as sazonalidades interanuais da atividade econômica.

Um exemplo simples é pensar que as pessoas tendem a gastar mais com o 13º na mão e próximo a datas festivas importantes.

Isso explica, inclusive, o porquê de a maioria dos gols no futebol saírem nos primeiros e nos últimos minutos do jogo.
 

Do quantitativo para o qualitativo

Obviamente, precisa ficar claro que eu estou desprezando aqui os fundamentos que justificam cada um desses movimentos e desconsiderando a pressão regular dos ciclos econômicos.

Olhar uma janela de 15 anos, ao invés de uma janela de 20 anos, por exemplo, nos faria desprezar um dos grandes movimentos do ciclo de valorização da Bolsa, a partir de 2002, com o boom das commodities.

Pensar probabilisticamente pode ser uma ferramenta de apoio importante na hora de investir, mas precisa dos devidos cuidados.

Sempre como parte do processo e não como uma finalidade.

Em uma janela de 20 anos a chance de ter um retorno positivo investindo no primeiro e no último semestre de um ano é acima de 60%.

Parece bom, mas se a chance de você entrar em um avião e ele cair fosse de 40%, você arriscaria?

Entender o momento do ciclo, o que está em jogo e identificar os instrumentos de investimentos corretos não é uma tarefa simples, por isso quero te deixar aqui uma ajuda para que construa um portfólio inteligente para o que estou chamando aqui de A janela de seis meses.

I. Compre ações (com seletividade)

Ações são ativos reais e costumam ser bons instrumentos de preservação patrimonial de longo prazo, sendo capazes de te proteger de eventuais repiques inflacionários.

Se bem estruturado, um portfólio de ativos bem selecionados pode potencializar esse movimento, te permitindo capturar um retorno superior à média do mercado.

Minha sugestão seria começar pela compra de ativos com baixa volatilidade, de empresas grandes e com fluxo de caixa saudável e previsível, como ações das empresas boas pagadoras de proventos que fazem parte do meu portfólio na série Dividendos Extremos.

II. Compre fundos imobiliários (aproveite os descontos)

Tendo atingido a marca de 1 milhão de investidores individuais, o investimento em imóveis por meio dos fundos imobiliários tem se tornado uma alternativa muito interessante, especialmente em um cenário de juro estabilizado nas mínimas históricas.

Em função da pandemia, enxergo várias oportunidades de comprar excelentes ativos por preços bem descontados, o que deve se tornar cada vez mais escasso nos próximos anos, com a entrada, em peso, dos investidores profissionais nessa indústria, elevando também o grau de governança e transparência desses instrumentos.

III. Compre juros de longo prazo (os famosos títulos IPCA+)

Com a elevação do risco político-institucional no Brasil e a percepção dos investidores de que a inflação deve seguir subindo nos próximos anos – como antecipei aqui desde março – entendo que ganhamos uma boa alternativa para comprar títulos públicos de longo prazo indexados ao índice de inflação, os famosos “IPCA+”.

Destaco apenas que investir nesses títulos com o objetivo de resgatá-los antes do vencimento é o mesmo que investir em renda variável, pois você passa a apostar na queda da expectativa futura para a taxa de juros do país, a SELIC, que é o que estou visando com essa sugestão.

IV. Compre ouro (no máximo 5%)

No sentido do que destaquei anteriormente, a leitura de que os índices de inflação devem apresentar um movimento de alta, mesmo diante de algum nível de ociosidade, especialmente no Brasil, favorecem a elevação do preço do ouro.

Além disso, enxergo potencial de valorização nos próximos meses e anos diante do movimento de venda progressiva de títulos norte-americanos pelos chineses e aumento da exposição em ouro nas reservas internacionais da China.

V. Compre dólar (no máximo 5%)

Por fim, o cenário de juros baixos por tempo prolongado que vêm sendo defendido pelo Banco Central dos EUA e por aqui, aliado aos riscos domésticos que já destaquei, devem seguir gerando pressão na saída de dólares do país, dificultando um movimento de recuperação do real frente ao dólar norte-americano.

Portanto, ainda vejo as assimetrias positivas para a compra de dólar via fundos de investimentos, mesmo que tenha uma predileção neste momento pela compra de Ouro.

Bom e se você ficou curioso(a) para conhecer as sugestões práticas e como construir o seu portfólio, fica aqui o meu convite para conhecer a série Dividendos Extremos, uma das séries mais assinadas da Inversa!

Ah, e não deixe de escrever para ideias@inversa.com.br dizendo o que achou da newsletter de hoje.

Um abraço,

Felipe Paletta, CNPI

Conheça o responsável por esta edição:

Felipe Paletta

Analista de Ações e Fundos de Investimento

Graduado em Ciências Econômicas pela FAAP e com Master in Financial Economics pela FGV-EESP, Paletta acumulou experiência atuando em corretoras de valores e casas de análise independente. Responsável pela estratégia de Dividendos da Inversa, assina quinzenalmente a newsletter "Ideias do Paletta".

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