Caro leitor,
Temos agora nosso “inimigo” claro: nós mesmos. E identificamos os tipos de armas que temos para lutar contra ele: técnica e comportamento.
É exatamente ao falhar nesses dois pontos que grande parte de nossa performance é perdida ao investir em ações. Vale também para outras classes de investimento, mas vamos nos concentrar em nosso terreno escolhido, o mercado acionário.
Perdemos mais por nossas falhas do que para essa cruel entidade conhecida como mercado – mais precisamente, o Sr. Mercado, esse bipolar, como já foi brilhantemente caracterizado por Benjamin Graham em seu livro “O investidor inteligente” (já fica aqui uma dica de leitura bem interessante).
Estar fundamentado e com bom controle sobre a parte emocional é o que reduz os riscos de entrar nessa bipolaridade do Sr. Mercado, que num momento está exultante de otimismo e em outro sofre de pessimismo agudo. Nem sempre terá razões reais (ou pelo menos que perdurem) para justificar esses extremos.
Aliás, o mercado também somos nós. Irônico que mesmo ao culpá-lo estamos também nos incluindo nessa responsabilidade. É também ao resistir a esses extremos do mercado que encontramos as maiores oportunidades de ganhos.
Técnica e comportamento. Falemos um pouco hoje sobre técnica. Começar a investir em ações é simples. Basta abrir uma conta numa corretora, transferir o dinheiro e colocar as ordens de compra.
As próprias corretoras irão lhe oferecer suporte e tutoriais que respondem as principais dúvidas, deixando tudo pronto para você colocar suas ordens. Já começar a ganhar com ações não é tão simples assim.
Pode até parecer fácil quando a sorte entra em jogo, ou quando o mercado está favorável, mas o ganho no longo prazo demanda algo além de simplesmente saber entrar no homebroker e colocar as ordens.
É a parte técnica que precisamos, mesmo que num nível mais básico, desenvolver. Ela também pode ser uma armadilha para nosso desempenho, nos levando a perder para nós mesmos.
A boa notícia é que ela é mais fácil de ajustar do que a parte comportamental. Demanda atenção para identificar os erros – prejuízos são uma boa dica, mas não a única – e tempo para assimilar o conhecimento que fazia falta. Mas uma vez corrigido, tende a ser uma página virada em sua jornada de investidor.
A má notícia é que nossa tendência é pular essa etapa. Seja por não buscarmos os porquês de nossos erros, ou simplesmente porque buscamos os caminhos mais fáceis, seguindo dicas sem tentar entender o que as embasou.
É difícil conviver com erros e dá trabalho ir atrás de suas correções. É muito mais fácil seguir para a próxima. Entrando na parte técnica, iremos refletir sobre três questões:
- O que já sabemos?
- O que ainda não sabemos?
- O que achamos que sabemos, mas estamos errados?
Vou falar sobre esses três pontos na próxima edição, mas deixo, desde já, o convite para você refletir sobre cada um. A terceira pergunta é um pouco mais complicada de responder. Se você achar realmente muito difícil, tente, ao menos, responder as duas primeiras.
Na próxima edição, vou mostrar como responder a essas perguntas pode ajudar você a não perder o jogo para o seu maior inimigo. Você sabe de quem estou falando.
André Barros (Money Maker)