Caro leitor,
O mercado acionário talvez esteja no grupo dos ambientes que mais brincam com o imaginário das pessoas, palco para sonhos de riqueza e pesadelos de frustração e perdas. Muitas vezes visto como cassino, lugar para poucos, sujeito a sorte ou manipulação.
Alguns olham com a frustração de quem já passou por uma experiência ruim ou de quem ainda não teve a coragem de entrar – em ambos os casos, reforçando a errada percepção de que é destinado a poucos privilegiados.
Mas isso tem mudado. Cada dia mais o investidor comum tem visto na Bolsa uma alternativa séria e que traz retornos. Um mercado que possibilita tanto estar lado a lado de grandes empresas quanto poder ganhar com o avanço do país e da iniciativa privada, cada dia mais distante do estereótipo de cassino, e mais próximo da realidade de parceria no progresso da sociedade.
Certamente ainda temos muitos que chegam inspirados apenas pelos ganhos de um momento positivo do mercado, sem preocupação de construir sua base como investidor. Talvez ainda carreguem a imagem de uma Las Vegas diariamente acessível na tela do homebroker.
Seja em razão desses que ainda trazem o espírito do ganho rápido ou daqueles que já incorporaram a importância de se preparar, decidi escrever essa série de artigos. Queria passar um pouco da experiência que tive ao longo dos anos investindo em ações, experiência essa que me permitiu ter uma boa performance sendo apenas um investidor comum. E que também compartilho na série Money Maker em Ação, onde abro a assinantes da Inversa a estratégia que formulei para buscar retornos na Bolsa com riscos controlados.
Quero convidar você a vir comigo nessa série em que irei tratar não de técnicas, que podem ser colhidas aos montes em bons livros ou na internet, mas de como conviver com o seu maior inimigo: você mesmo.
Não me entenda mal, não estou dizendo que a técnica e os fundamentos não são importantes. Eles realmente são imprescindíveis e não deixarei de indicar uma leitura ou outra ao longo de nossa jornada. Porém, técnica e fundamentos nunca serão colocados em prática se você sucumbir a esse inimigo, que sabota a disciplina, a paciência e a resiliência. Nenhuma técnica sobrevive à falta dessas três virtudes.
Talvez meus textos ressoem mais entre investidores comuns, iniciante nesse mundo. No entanto, não raro isso se dá pela falta de humildade daqueles que já passaram por tudo e julgam que estão imunes a esse inimigo.
Grande engano. Comecemos com a consciência de que nunca estaremos imunes a esse inimigo. Conseguiremos, sim, manter um relativo controle ao conhecer como ele pode nos afetar e estar continuamente atentos a suas investidas.
Até o investidor profissional sofre dos assédios desse inimigo. Nossa primeira reação ao encontrar os primeiros desafios e perdas do mercado é buscar a culpa no lado de fora: o mercado, os tubarões, o controlador mau-caráter, o governo, o Trump…
A lista de desculpas é longa. Ainda que eles realmente tenham impacto nos movimentos do mercado (afinal fazem parte do mesmo), o conforto de encontrar um culpado nos tranquiliza. Só que nos afasta dos aprendizados, dos ajustes necessários e da dura realidade de que teremos que encontrar um caminho, a despeito de tudo o que eles possam criar de obstáculos.
A inércia não é opção. O vitimismo é uma armadilha. Caminhos existem, apesar de todas as dificuldades.
Comecemos por aqui: nós somos nosso principal inimigo ao investir. Olhe-se no espelho e reflita sobre essa verdade. É sobre isso que quero conversar contigo. E também aprender com suas experiências.
Vamos juntos?
André Barros (Money Maker)