Bem-vindo(a) a mais uma edição da Global Investor!
Devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, há uma consequência que pode afetar os mercados de forma negativa nesta semana: a possibilidade da Rússia entrar em default técnico!
Há um parâmetro, um ponto na história como uma certa referência. Em 1998, nos meses de agosto, setembro e outubro, os mercados sofreram consideravelmente com um calote russo.
Na época, o calote russo resultou na quebra do fundo LTCM (Long-Term Capital Management), um fundo liderado por John Meriwether do grupo Salomon Brothers e também pelos famosos economistas associados à precificação das opções, Myroin Scholes e Robert C. Merton.
Eles estavam no LTCM, um fundo alavancado, provocando a possibilidade do FED tomar a decisão de cortar os juros — mais elevada do que o atual momento — mas também, de montarem um consórcio com bancos para absorver ativos do LTCM.
Os mercados caíram e sofreram, mas se recuperaram relativamente rápido. E, o ano de 1999 foi marcante para as ações americanas.
Entretanto, agora, o momento é complemente diferente!
A razão do calote russo é advinda de uma tensão muito maior que envolve a possibilidade de uma guerra entre potências. Mas, do ponto de vista técnico, o Banco Central dos Estados Unidos, que em 1998 detinha uma certa segurança, hoje não tem nenhuma! Muito pelo contrário.
O FED já está em uma situação de zero bound, isso é, a taxa de juros está entre 0 e 0.25 pontos basis, e não há um espaço para cortar taxas. O FED não pode levar a taxa para uma esfera negativa nos Estados Unidos, ao menos por agora.
O Banco central norte-americano vem avisando que deseja reduzir o total de ativos, promovendo um quantitative tightening, o oposto do quantitative easing. Esse é um aperto monetário que deve chegar ao mercado sob oposição ao afrouxamento monetário que esteve presente por muitos anos nos EUA.
A dinâmica é completamente diferente.
Quando Jerome Powell, na semana passada, foi questionado pelos senadores Richard Shelby que indagou a seguinte questão: “Se necessário fosse, Powell seguiria o mesmo caminho de Paul Volcker?"
Paul Volcker foi o presidente do FED entre 1975 e 1979, ficou famoso em 1980 por elevar a taxa de juros nos Estados Unidos e conter a inflação. Na época, Volcker foi extremamente criticado e provocou duas recessões.
Mas, mesmo diante dos questionamentos, Powell não se abateu e respondeu que seguiria de fato o caminho de Volcker.
Será que essa resposta irá se materializar?
E, em outro questionamento, Richard Shelby perguntou se Powell faria o que fosse necessário para conter a inflação. Quando alguém questiona “se fará o necessário” para aquele que acompanha o mercado internacional, logo, Mario Draghi (ex-presidente do Banco Central europeu) é lembrado quando disse que faria o que fosse necessário para salvar o euro.
Será que Jerome Powell apresentará um comportamento como o de Mario Draghi, fazendo o que for necessário para conter a inflação?
É muito difícil acreditar em Powell, e simultaneamente, acreditar na instabilidade dos mercados!
Não há opção, é preciso escolher um ou o outro.
Espero que tenha gostado da edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.