Bem-vindo(a) a mais uma edição da Global Investor!
Nos últimos dois dias, as tensões no mercado atingiram um patamar crítico, e evidentemente, todo o foco gira em torno das questões geopolíticas associadas à Ucrânia.
A Rússia, com o seu líder Vladimir Putin, determinou que duas regiões da Ucrânia fossem tratadas de forma independente, e assim, violou o acordo de Minsk e despertou a ira da Otan, e consequentemente, do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Será mesmo que essa questão geopolítica, por mais importante que ela seja, está sendo uma espécie de “cortina de fumaça” para Biden? Esse questionamento está em concordância a um tema já discutido na edição anterior, “os 3Ds da inflação”.
Hoje, a inflação é a principal preocupação do cidadão americano, embora as discussões remetam a pressões inflacionárias provenientes de aumentos salariais e de preços. Os preços vêm impactando com maior intensidade as classes mais pobres e têm sido mais significativos que a expansão salarial.
Isso está ocorrendo, justamente, em um ano de eleições nos Estados Unidos, que vai trazer a possibilidade com que a Câmara dos Deputados possa ter uma nova liderança. Atualmente, os democratas lideram a casa sobre uma vantagem de 11 deputados, já no Senado, no início a situação era mais apertada, com 50 democratas e 50 republicanos, o voto de Minerva era da vice-presidente Kamala Harris, logo, se tratando de questões fiscais, os democratas já não têm a maioria.
O próprio Joe Manchin, um senador do estado de Virgínia (EUA), vem se opondo a qualquer medida associada ao pacote de Biden.
A verdade é que os democratas ainda não conseguiram a aprovação para o segundo mandato de Jerome Powell, o atual presidente do Fed e também não conseguiram fazer com que os republicanos votem e aprovem a Lael Brainard, a vice-presidente do Fed, e até mesmo a Sarah Bloom Raskin que tende a assumir uma posição de supervisão no Banco Central Americano.
Todos esses aspectos são importantes, pois, a maneira como Biden se posicionou e respondeu ao seu eleitorado sobre a questão da inflação foi: “Fiquem tranquilos, J. Powell vai resolver a sua situação!”.
Entretanto, para que Jerome Powell consiga resolver a situação de Joe Biden, ele vai ter que mudar a postura e transitar sobre uma forma que apresenta um grande desafio, afinal, Powell precisa desaquecer a economia americana e fazer com que os preços caiam sem provocar uma recessão, e quando isso ocorre, a classe mais pobre tende a ser prejudicada.
Novamente aqui temos uma referência com o ‘D” da desigualdade comentado na última edição.
Dessa forma, é possível observar as possibilidades que neste ano de 2022, testemunhemos um afrouxamento monetário reverso. Realmente é possível? Esse é um questionamento que deve ser feito!
Na semana passada, esse tema também foi comentado por um importante estrategista e analista do Credit Suisse, o Zoltan Pozsar. Um dos profissionais mais respeitados no mundo da renda fixa.
Zoltan Pozsar, do Credit Suisse. — fonte:credit-suisse.com
Em seu relatório, Pozsar relata que a forma mais prudente e a mais eficiente de Jerome Powell atingir seus objetivos, seja provocando um mini crash no preço das ações dos imóveis, das commodities e das criptomoedas, logo, o questionamento de um possível um afrouxamento monetário retorna e vêm à tona.
Se o afrouxamento monetário foi algo muito benéfico para a camada mais abastada financeiramente, fazendo com que os preços dos ativos subissem ainda mais e esses ficassem ainda mais ricos, como será o "anti" QE — quantitative easing — ? Em tese, isso deve fazer com que os preços dos ativos caiam e fazendo com que, dessa vez, os ricos não se beneficiem tanto.
Todo o partido democrata começa a estudar alternativas que muito se assemelham a alternativas latinas, como as quais vêm sendo discutidas no Congresso brasileiro (isentar os combustíveis em tributação, congelar preços e afins).
Há um certo desespero de todo o partido democrata que, no caso de tudo permanecer como está, é quase certo que esses perderão a liderança tanto na Câmara dos Deputados como a liderança do Senado em novembro deste ano.
Espero que tenha gostado da edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.