Global Investor #26: S&P 500: Impulsionado pelo fluxo e pela sazonalidade

28 de outubro de 2021
Por trás de recentes movimentos altistas, temos dois fatores: a continuidade do fluxo recorde de recursos para a renda variável e a sazonalidade favorável associada a performance das bolsas nos últimos dois meses do ano.

 

 

Olá, investidor(a)!

Bem-vindo(a) a mais uma Global Investor.


O pessimismo que dominou os mercados globais durante o mês de setembro abriu espaço para novas altas do S&P 500 e, no atual momento, o S&P está por volta de 4.700 pontos, bem acima dos últimos registros. 

O mercado voltou a subir devido a dois fatores: fluxo e sazonalidade.

 

Fluxo

 

A questão do fluxo é marcante neste ano de 2021, mais de 1 trilhão de dólares entraram para a renda variável global. Um recorde!

Neste atual período de divulgação dos resultados corporativos dos Estados Unidos, muitas das empresas estão no blackout period, período no qual elas não podem promover as recompras corporativas e compras de ações naturalmente. 

Vale lembrar que as recompras corporativas impulsionaram o mercado ao longo dos últimos cinco anos. 

E 2021 também registra um nível de recompra, pois, já é possível observar esse fluxo chegando ao mercado em breve. Já está ocorrendo e tende a se intensificar. 

Essa é uma das leituras feitas por alguns analistas.


Sazonalidade

 

A sazonalidade diz respeito à paixão dos americanos pelas estatísticas.

Eles olham para trás e observam que o quarto trimestre, normalmente, é o melhor em termos de desempenho. 

Outubro é um mês que leva o estigma de ser difícil nas bolsas. Contudo, há uma expectativa de que os próximos dois meses podem registrar bons desempenhos e resultados positivos.

Há outra estatística que diz que quando o S&P chega a outubro com um retorno superior a 20%, em novembro e dezembro podemos ter o celebrado rally de natal.

Mas será que isso já é uma certeza?

Aqui trago um viés: expresso uma preocupação com o mercado acionário global e insisto na tese de que as bolsas estão esticadas; realizar ajustes é algo completamente normal. 

Essa alta recente do S&P, na minha opinião, não foi bem-vinda, e alinho a minha visão junto com as teses do estrategista Mike Wilson, da empresa Morgan Stanley.

Wilson, tem o preço-alvo para o S&P por volta de 4.000 pontos, empurrando a sua tese para o começo do ano de 2022. 

Esses argumentos são muito discutidos aqui na Global Investor. O aperto da recapitalização da conta TGA (tesouro dos Estados Unidos) está relacionado à questão do teto do endividamento dos EUA.

O Tesouro dos Estados Unidos está realizando diversas capitalizações, embora a taxa de 10 anos não esteja subindo muito. Mas, conforme comentei na semana passada, as taxas de juros de dois e de cinco anos estão, de fato, subindo. 

Mike Wilson também fala sobre uma desaceleração da economia, que torna-se muito clara quando observamos as pessoas estimando o crescimento do PIB para o terceiro trimestre. E isso, junto com a alta nos juros, contribui para um cenário de compreensão de margens. 

Vemos uma compreensão de margens de lucratividade e também uma compreensão de múltiplos de PL (preço sobre lucro). Os PLs que ficaram bem acima do normal podem voltar a regredir, ainda mais nesse estágio de ciclo econômico, que pode ser um estágio mais próximo de um fim expansionista. 

A taxa de poupança dos americanos cresceu muito durante a pandemia, já volta para níveis pré-pandêmicos. 

Um otimista diz: “Essa estatística não considera que as casas e as ações não subiram muito seu valor”. Porém, para o americano médio, sua poupança já foi consumida e a pressão sobre os aumentos do custo na qualidade de vida é um fato. 

Eu mantenho a minha visão cautelosa com relação ao S&P 500. Já vimos o resto do mundo sofrendo, o Brasil, em particular, sofre em um caso extremo em que a taxa de juros sobe e vemos uma expressiva compreensão de múltiplos por aqui. 

Mas algo similar acontece na Ásia. No sudeste asiático, alguns países gastaram muito dinheiro durante e devido à pandemia. 

E, por último, a China vive uma espécie de racionamento e não consegue acessar o carvão para manter a sua economia no ritmo desejável. 

O país está em desavenças com a Austrália e em busca de  suporte na Indonésia. Entretanto, a Indonésia já está no seu limite e, com isso, já vemos uma desaceleração da China, o que afeta todo o mundo.

O pessimismo de setembro se esvaiu. Será que é o início de um rally que poderá se estender até o Natal? 

 

Até a próxima, espero que tenha gostado!

Marink Martins.
 




 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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