Global Investor #25: Lacy Hunt, S&P 500, sazonalidade do IBOV

20 de outubro de 2021
Hoje, comento tópicos que julgo importantes para compreensão do atual momento nos mercados globais; a recuperação S&P 500, a dinâmica vista na curva de juros dos treasuries, as ideias do famoso macroeconomista, Dr. Lacy Hunt, e a sazonalidade do Ibovespa.

 

 

Olá, investidor(a)!

Bem-vindo(a) a mais uma Global Investor. 


A taxa de juros dos Estados Unidos é um parâmetro muito importante, pois é utilizada para precificar os ativos com base no custo do capital. 

Quando falamos de taxas de juros, devemos ter o prazo em mente.
 
O ativo mais líquido da renda fixa americana é o treasuries de 10 anos. Esse título vem subindo, e agora está em uma ascendência de %1,60; assustando alguns investidores.

 

S&P 500

 

Como já comentei em outras edições, vimos o S&P 500 caindo e superou a média móvel. Agora, o momento é bem positivo, está próximo da sua máxima histórica. 

Julgo que isso está ocorrendo devido ao período de divulgação do terceiro trimestre. O mercado está assumindo que os analistas estão conservadores demais e que as empresas vão, novamente, surpreender. 

Acredito ser essa a principal razão da recente alta do S&P 500.

Vale mencionar aqui o trabalho do Dr. Lacy Hunt, um macroeconomista respeitadíssimo nos EUA e vice-presidente da empresa Hoisington Investment Management Company.  

Hunt detêm uma visão que vem sendo certeira ao longo de quarenta anos…
 
Ele vem sendo otimista perante as taxas de longo prazo dos Estados Unidos desde os anos 80. Comprado no título e apostando que o preço unitário irá subir e a taxa vai cair. E foi o que aconteceu! 
 
A taxa de trinta anos, que chegou aos dois dígitos nos anos 80, hoje está flertando com 2%.
 
No último relatório do Dr. Lancy Hunt; Quarterly Review and Outlook Third Quarter 2021, ele nos diz que; por mais que a taxa de juros norte-americana de longo prazo volte a subir, esse movimento tende a ser transitório, não tem por que ela se sustentar em níveis mais elevados.

Hunt afirma isso, pois, parte do seu trabalho está associado a um fato: quanto maior for o endividamento dos países, menor é a contribuição marginal de cada dólar obtido em empréstimo. O que ele chama de MRPD (Marginal Revenue Product of Debt, produto da receita marginal da dívida em tradução livre) exemplifica o quanto que cada dólar adicional contribui para o crescimento do PIB. 

Esses acontecimentos não estão apenas nos Estados Unidos, mas também aconteceu no Japão, de uma forma mais acelerada, e vem acontecendo também na Europa. Quando isso ocorre, a velocidade de circulação da moeda também cai e é isso o que vem ocorrendo nos EUA.

É uma grande liquidez, porém, uma liquidez empoçada no sistema financeiro. Ela não chega ao pequeno empresário. 

Um índice muito observado é o volume de empréstimos bancários dividido pelo total de depósitos bancários. Esse índice também vem caindo, num sinal que confirma a queda na velocidade de circulação da moeda. 
 
O Dr. Lancy Hunt nos passa uma mensagem que, em um curto prazo, pode ser positiva para aqueles mais otimistas com o S&P500. A possibilidade de um grande salto na  taxa de juros de 10 anos passa a ser menor. Entretanto, no longo prazo, ele se mostra muito preocupado. 

Ele vê os Estados Unidos entrando praticamente em um cenário de baixíssimo crescimento. 

O aumento da taxa de juros que está ocorrendo agora está mais centrado na parte curta da curva de juros. 
 
O título de 10 anos já não mostra o mesmo ímpeto comparado ao começo do ano. 
 
Temos um bear flatness, o achatamento da curva. 
 
Essas dinâmicas das taxas de juros têm implicações diretas com o mercado de ações, em particular com o S&P 500. 


“E se você investisse em bolsa somente no quarto trimestre de cada ano?”
 

O título acima é de um estudo muito interessante, disponível no meu site, MyVol, que aborda a sazonalidade do Ibovespa. Ele traz uma visão analítica que vem acompanhando e mostrando a performance do Ibovespa a cada trimestre, olhando para um horizonte de cinco anos e mais.
 
Existem circunstâncias que favorecem ou desfavorecem determinado semestre, e o retorno de acordo com o momento é um assunto muito interessante.

Vale a pena conferir.
 

Um abraço,

Marink Martins. 
 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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