Olá, investidor(a)!
Bem-vindo(a) a mais uma Global Investor.
Começo a edição de hoje com um trecho da música "You Can't Always Get What You Want", dos Rolling Stones:
"You can't always get what you want
But if you try sometime you find
You get what you need".
Em tradução livre, "você não pode ter sempre o que quer, mas se tentar algumas vezes, vai descobrir que consegue o que precisa".
Ela representa muito bem este momento de escassez global que vivemos.
Uma escassez mais estrutural, não associada à pandemia da Covid-19.
Essa escassez não afeta apenas os semicondutores (materiais capazes de conduzir correntes elétricas) e o petróleo, mas diversos bens de consumo.
Afeta até a produção de iPhone. A Apple teve que cortar a produção do novo iPhone 13 esta semana e isso teve um impacto direto no preço de suas ações.
Mas a escassez afeta também produtos mais básicos, do cotidiano, como o abacate, que é tão importante para restaurantes mexicanos nos EUA.
Eu citei esse exemplo porque na última terça-feira (12), ao ouvir um podcast da Goldman Sachs focado em empresas menores, o comentário de um dono de restaurante mexicano me chamou a atenção.
Ele reclamava do preço do abacate, que dobrou seu valor e é uma matéria-prima importante para tudo que serve em seu estabelecimento.
E essa escassez global é algo estrutural, algo que, ao menos no caso dos semicondutores, podemos atribuir àquela guerra comercial iniciada por Donald Trump em 2018.
Essa guerra, que teve uma frente tecnológica, deixou os chineses da empresa de tecnologia Huawei de joelhos.
Para alguns estrategistas que sigo, talvez esse tenha sido um dos eventos mais traumáticos da última década para os chineses.
Por isso, no hall das importações dos produtos chineses, os semicondutores lideram.
A China está investindo aproximadamente 60 bilhões de dólares nesse setor, um setor que busca enfrentar a concorrência de Taiwan, um território rebelde na opinião dos chineses e da Coreia do Sul.
Nesse sentido, vale refletir: será que o mundo, outros produtores de semicondutores, estaria disposto a produzir em grandes quantidades, cientes de que a China teria que vir necessariamente com uma resposta?
Se a China está aumentando ou vai aumentar sua produção de semicondutores, essa é uma das razões pela qual temos a escassez de hoje.
De forma análoga, podemos pensar o mesmo sobre outro produto que vem mostrando certa escassez e observamos o preço subir: a energia. Mais especificamente, o petróleo.
Se, de fato, estamos mudando para uma economia que vai ficar cada vez mais distante de combustíveis fósseis, quais seriam os incentivos para aqueles produtores de energia tradicional para fazer vários investimentos e novas produções?
Bem, essa transição afeta tanto a área de energia quanto a de semicondutores. É justamente essa transição que contribui muito para esse cenário de escassez que se faz presente.
Volto a citar a música dos Rolling Stones, mas adaptada à nossa realidade: no que diz respeito ao mercado de ações, devemos focar naquilo que o consumidor precisa, não necessariamente naquilo que o consumidor deseja.
Porque o que ele deseja pode estar muito caro ou até mesmo não estar disponível.
Reflita sobre isso ao conceber uma carteira de ações.
Espero que tenha gostado!
Um abraço,
Marink Martins.