Olá, sou Rodrigo Natali e esta é mais uma "Do Mercado".
Na semana passada, tivemos decisões de políticas monetárias de diversos Bancos Centrais, principalmente do Fed (Banco Central dos Estados Unidos), do Banco Central inglês e do Bacen (Banco Central brasileiro).
Além disso, sentimos a mini crise da Evergrande, gigante chinesa que deu um susto no mercado, resultando em uma volatilidade mais alta dos ativos, não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos.
Esses eventos estão ocorrendo quando o Fed começa a indicar mudanças em suas políticas monetárias de forma menos expansiva, dando um spoiler de quando será o momento que vão passar a diminuir as compras de 120 bilhões, que acontecem mensalmente.
Não é possível saber se o mercado reagiu a esses eventos e se foi esse motivo da volatilidade, mas fato é que essas movimentações são algo diferente daquilo que já estamos acostumados a ver; a correlação entre os ativos que era muito estática.
E, na semana passada, tivemos uma quebra dessa correlação.
Nos EUA, vimos um movimento claro de saída das small caps, pequenas empresas, de setores de growth para big value. Por vezes dentro desse próprio setor, de pequeno para small.
A mesma coisa para as moedas, houve uma movimentação muito grande de G-10 e moedas de mercados emergentes.
Na quinta-feira passada, dia 23, moedas como a libra, o dólar australiano ou o franco suíço, que é de fluxo mais baixo, se apreciaram em 1%. E, na média, incluindo o dólar, o real ficou parado.
Esse é um movimento bem comum, principalmente em dias em que quase todas as commodities estão seguindo para um mesmo lado; o mesmo vale para as semi-commodities e até criptomoedas, como o Bitcoin.
Foi um dia de desvalorização do dólar em todo o mundo e os mercados emergentes não andaram.
Vimos um mesmo exemplo aqui, no Brasil. Comparando o MATB11 (ETF de empresas exportadoras) com o SMALL11 (ETF de small caps) durante quatro dias seguidos, o de small caps desempenhou melhor, 11% superior ao MATB11. Mas, ao final da semana, isso virou, e o MATB1saiu na frente com 5% de alta.
Essa rotação no mercado, se não olharmos o índice Bovespa, é imperceptível, mas, de fato, isso é um tema comum e tem acontecido no mercado brasileiro, nas bolsas, no mercado de moedas e até no mercado de títulos prefixados.
Depois da divulgação do Copom, apesar das afirmações hawkish, indicando que mais reuniões acontecerão (além das já esperadas) e que será um Banco Central que vai procurar parar os juros em um patamar contracionista, não mais neutro, como se dizia antes, ainda assim os juros subiram, indo contra o que seria uma reação consensual em um ambiente normal.
Meu ponto é: estamos sentindo agora quais são os efeitos de ter um mundo sob a ameaça de uma menor liquidez disponível. Quando isso acontece, você cria o inverso do que acontecia antes, quando qualquer papel subia, qualquer ativo andava e não fazia muita diferença.
Agora, começamos a sentir um mundo com mais volatilidade, onde certos ativos desempenham melhor do que outros, com movimentos rápidos e fortes, mesmo em um mercado mais pessimista.
E, mesmo com esse atual mercado, tivemos movimentos muito fortes de um lado para o outro. Eu acredito que isso deve começar a ser normal daqui para frente, ainda mais se o tapering acontecer em breve e com os riscos políticos se aproximando.
Espero que tenha gostado!
Um abraço,
Rodrigo Natali.