Do Mercado #17: Ainda sobre 7 de setembro

13 de setembro de 2021
Hoje trago novamente a pauta dos eventos de 7 de setembro. Mas, desta vez, para te ajudar a interpretar eventos fora do radar e a se posicionar.

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Seja bem-vindo(a) a mais uma "Do Mercado".

Hoje, vou falar sobre os eventos do feriado de 7 de setembro e porque essa situação é de complexa interpretação.

E, para contrapô-lo com um evento de simples interpretação, vou falar sobre a tentativa de Reforma da Previdência que aconteceu durante o governo Temer.

Você vai entender meu ponto.

Apesar de a Reforma da Previdência também ser um tema complexo, é um evento de fácil interpretação, especialmente quando se percebeu que não passaria.

Todos entendiam que a reforma era necessária, boa para a economia, discutida ao longo de meses em bancos, casas de research, por senadores, congressistas, ministério da economia, enfim… O valor positivo para os mercados e para a economia como um todo era um tanto quanto óbvio.

Tanto que quando veio uma notícia negativa, o mercado inteiro soube como interpretar e reagir: a bolsa caiu, os prêmios de risco e o dólar subiram.

O mercado entendeu que, a partir daí, notícias que trouxessem a reforma mais para perto eram positivas e sabia como reagir. O contrário também era verdade, em caso de notícias mais negativas.

Agora vamos voltar para os eventos de 7 de setembro.

Foi um evento não-convencional e que estava fora do mapa, de certa forma. 

Eu explico: as pessoas sabiam que teríamos esses protestos, mas acho que ninguém estava preparado para as imagens que vimos na televisão.

A esplanada dos ministérios lotada, a paulista cheia de gente… essa imagem, de certa forma, trouxe um impacto muito forte e as pessoas começaram a tentar entender como elas se sentiam em relação a isso e, principalmente, como as outras pessoas se sentiriam; e isso, no mercado, é muito importante. Talvez mais importante do que como você pensa, é como você acha que os outros irão pensar.

E o problema dos acontecimentos do dia 7 de setembro foi esse. Eram tantas opiniões e ações diferentes para uma mesma coisa que fica muito difícil entender as ações dos outros.

Vamos tomar como verdade a hipótese de que foi mais gente que o esperado.

Como podemos entender isso? De mil maneiras diferentes.

Pode ser um sinal que o governo tem um apoio maior que o indicado nas pesquisas, ou que a base eleitoral do atual presidente é maior e mais engajada do que acreditávamos? Quem sabe.

Ou isso não quer dizer nada porque o percentual da população presente era muito pequeno?

Dentro dessa hipótese, essa "vitória" de Bolsonaro fará com que ele seja mais agressivo no futuro ou com que ele se acalme?

Entende meu ponto? É muito difícil entender e saber como reagir.

É o tipo de evento que cada pessoa tem uma forma de interpretar.

E o que acontece nos mercados no dia seguinte é muito curioso e bastante comum em eventos desse tipo; causa uma reação não muito previsível.

As pessoas, em geral, não sabem o que fazer, sendo que deveriam!

Algo que sempre acontece quando você vê uma discussão muito grande acerca de um tema é que como não há consenso, o mercado tende a ser mais volátil.

E pelo fato de ter esse desentendimento, deveria se criar mais prêmio; e esse prêmio vem na forma de pessoas diminuindo risco, bolsa caindo e dólar e juros subindo.

Foi exatamente o que aconteceu no dia seguinte ao feriado de 7 de setembro, mesmo com as pessoas ainda sem chegarem a um consenso.

Para saber quando esses movimentos vão acontecer, nem precisa ler todas as notícias ou ter acesso a uma consultoria política.

Se bobear, você percebe isso nos grupos nas redes sociais. Se perceber que algum grupo do qual faz parte começa a mandar muito mais mensagem que o normal, pessoas que nunca falaram sobre política estão falando, pode saber que o mercado vai piorar. Aconteceu comigo.

Isso mostra quão confusas e divergentes as opiniões eram entre si. E, claro, não tendo consenso, isso vai para o preço dos ativos.

O que acontece é que as pessoas não sabem o que fazer, pois não sabem o que pensam ao certo e nem o que as pessoas estão dizendo.

As piores baixas na bolsa foram justamente as ações que as pessoas físicas normalmente têm, como Cogna, Via Varejo, etc. Foram essas as que caíram até 7%. Isso mostra que esse grupo de investidores é o que mais sofre nesse tipo de cenário.

Mas, aos poucos, o consenso vem.

Às vezes demora, mas, ao final, chegam a um consenso maior.

E o mercado define seu rumo.

Sempre que encontrar pela frente um cenário complexo, em que as pessoas não concordam ou discordam muito, a melhor reação é tirar o pé do acelerador e diminuir o risco, porque a primeira reação é sempre vender os ativos, mesmo que depois se chegue em um consenso e os preços voltem ao patamar anterior.

Essa regra vale para qualquer evento fora de radar, que o mercado não espera ou não sabe como reagir.

Essa foi a "Do Mercado" de hoje,

Espero que tenha gostado!

Um abraço,

Rodrigo Natali

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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