Do Mercado #16: A hora das exportadoras

6 de setembro de 2021
Hoje, falaremos sobre as exportadoras e porque, atualmente, temos um cenário bastante importante e propício para um investimento nessa categoria de ativos. Espero que goste!

Olá, sou Rodrigo Natali, e essa é mais uma "Do Mercado"!

Hoje, iremos falar sobre as empresas exportadoras e porque temos, atualmente, um terreno e um cenário bastante importante e propício para um investimento nessa categoria de ativos. Mas, antes, vamos entender o que teremos pela frente nos próximos meses. 

Acabamos de sair do Jackson Hole, onde o presidente do Fed, Jerome Powellfez uma declaração afirmando que, este ano, começaria o tapering, ou seja, a redução da compra de ativos monetários que, hoje em dia, está em um ritmo de 120 bilhões de dólares. 

Por mais que para o mercado, em termos de movimento de preço, isso não tenha sido tão relevante, já que nos últimos 10 dias ele está parado, marcou algo muito importante: o fim do movimento de total aceleração nos estímulos. 

Esses estímulos ocorreram no começo da pandemia de covid-19, em resposta ao grande choque que atingiu a economia global. São medidas que, hoje, estamos acostumados, mas não haviam sido executadas antes.

Agora, um ano e meio depois do começo dessa política, estamos em um cenário sem precedentes, e não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo todo.

Olhando para frente, estamos mudando. Vivemos nos últimos 18 meses um cenário com excessos de estímulos, agora vamos viver a normalização, mas não sabemos como isso irá impactar os mercados.

Neste cenário de maior risco percebido daqui para frente, é positivo ter algum tipo de defesa e é sempre válido buscar por hedges escondidos ou hedges baratos do que comprar uma opção ou fazer uma posição short se esse não é o seu perfil de investimento. 

Então, uma boa forma de se proteger é que invista em exportadoras, como Vale e Suzano. Os motivos são muitos: primeiro, em um mercado mais incerto, as pessoas tendem a buscar ações com valuation menos "ticado"; elas saem um pouco de value stocks para growth stocks. São dois exemplos excelentes de ações, que possuem um retorno sobre o investimento altamente elevado e são empresas consolidadas e atuantes no mercado.

Hoje, a China pode até não ser o principal player para todas as exportadoras, mas, com certeza, é o país que define qual é o preço que as commodities vão operar. Atualmente, esse player está desalavancado, enquanto o resto do mundo está totalmente alavancado. Obviamente, a China não está totalmente desalavancada, mas o país está muito à frente do resto do mundo; ela causou de propósito e individualmente a queda e o término de especulações em diversos setores e ativos, e isso fez, agora, com que estejam vivendo uma realidade no país que o resto do mundo irá viver apenas daqui a um ano, ou um ano e meio; obviamente, se tudo ocorrer como o esperado.

O ponto é: o cliente principal das exportadoras, quem determina o preço do seu ativo, é alguém que está na frente do fluxo, já desacelerou e está próximo do final da desaceleração; talvez possa começar a acelerar novamente o seu próprio ciclo econômico. Essas exportadoras estão fora do Brasil, dado que a maior parte dos seus ganhos vêm de fora, mas estão expostas aos riscos da inflação, já que não sabemos quem ganhará a eleição aqui.

O que nos leva à eleição presidencial do ano que vem, 2022. A dinâmica será diferente com cada candidato vencedor. 

Mas as exportadoras estão protegidas, já que seu principal cliente está fora: geram caixa fora, vendem para um cliente externo que tem o controle sobre os preços e estão compradas em dólar. 

Ou seja, se o cenário lá fora começar a ficar recessivo monetariamente, o dólar irá subir em comparação a outras moedas. E o cenário aqui pode começar a complicar, pois as estratégias dos candidatos estão centradas nos conflitos com os seus concorrentes; isso gera ruídos que não vão parar e já podem ser previstos até as eleições.

Nesse cenário, naturalmente, o hedge das pessoas é o câmbio, e essas empresas exportadoras são naturalmente compradas em dólar, pois se suas receitas sobem, o dólar sobe; mas elas produzem em reais, com o mesmo custo em real, aumentando a margem e ação de caixa em real. 

Hoje em dia, é um setor que está um pouco abandonado, não é um setor que a maioria das casas de research costumam recomendar porque são consideradas operações “não-tradicionais” e antigas, não é tão interessante comparado a BDRs ou IPOs, né?

São empresas que estão aqui há 50 ou 100 anos e que conhecemos muito bem, e justamente por isso acabam sendo deixadas de lado para buscar coisas novas, que não tem tanto valor; mas eu acredito, sim, que possui muito valor nesse tipo de papel atualmente.

Essa foi a "Do Mercado" de hoje!

 

Espero que tenha gostado.

Um abraço,

Rodrigo Natali

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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