Petrobras: o petróleo é deles, o dividendo é nosso!

3 de dezembro de 2021
A Petrobras planeja distribuir em forma de dividendos, nos próximos cinco anos, o mesmo montante do que seu valor de mercado. No entanto, existe um risco político que deve ser avaliado pelo investidor. Quais os possíveis rumos da petroleira?

Petrobras: o petróleo é deles e o dividendo é nosso!

Por João Abdouni, CNPI e Pietro Tortoreli
 

 

A Petrobras vem reduzindo o endividamento e aumentando a geração de caixa, o que permitiu à empresa alterar seu plano de dividendos, com a companhia estabelecendo um patamar alvo para sua dívida bruta em US$65 bilhões, que foi atingido no terceiro trimestre deste ano.

Com isso, a empresa passa a pagar em dividendos 60% do seu fluxo de caixa operacional. Esse plano de dividendos prevê pagamentos trimestrais, sem excluir a possibilidade de pagamentos extraordinários, independente de seu endividamento, caso a companhia decida.

Anteontem, 1 de dezembro de 2021, a Petrobras passou a negociar ex dividendos.

A empresa pagará no dia 15 de dezembro de 2021 um total de R$3,09 por ação. 

Ou 11,4% de renda em dividendos. Para quem se posicionou antes desta data, como nós na série Ações Alpha, irá receber essa quantia em sua conta corretora.

Portanto, a empresa no ano fiscal corrente terá distribuído R$63 bilhões ao seu acionista, o que corresponde a uma renda em dividendos de 18% ao ano nos valores de hoje, sendo que esses valores tem tudo para continuar sendo sustentáveis.

De acordo com seu plano, a empresa espera distribuir 65 bilhões de reais anualmente de 2022 a 2026. As premissas adotadas pela empresa assumem um preço do Brent a longo prazo de US$55,00 e um patamar de dólar entre R$5,10 e R$5,40, o que consideramos patamares bastante viáveis. Desta forma se o plano se concretizar a empresa irá distribuir seu  valor de mercado atual em dividendos no prazo aproximado de 5,5 anos.

Risco Político e as eleições de 2022

O maior risco da Petrobras, é justamente o risco de governança e interferência relacionado à sua política de preços, além de possíveis  ineficiências e falta de compromisso com o capital investido e a corrupção, como ocorreu no passado recente. Isso foi alterado na nova Lei das Estatais do ano de 2016, dessa forma as alterações que na política de preços afetem os interesses dos investidores podem resultar em processos e até mesmo prisão de executivos, segundo a nova legislação. O que reduziu muito o risco de intervenção na empresa, na prática.
 


Eleições, três cenários possíveis: 

Cenário 1 - Eleição do ex-presidente Lula: em um primeiro momento pode fazer com que o investidor tenha a oportunidade de comprar as ações da petrolífera mais barato, apesar de que no governo de Luiz Inácio a Petrobras atingiu seu maior valor de mercado em dólar no ano de 2008 a estatal chegou a negociar a 70 dólares por ação, atualmente os ADRs (Depósitos de recibos de ações da empresa negociados na bolsa dos EUA) estão a 10,47 dólares. 

Cenário 2 - Reeleição do presidente Jair Bolsonaro: nada seria alterado apesar do temperamento do atual presidente e algumas falas polêmicas, na prática a administração atual respeitou ao longo desses três de governo a política de preços da Petrobras e com isso a empresa vem apresentando lucros recordes e permitiu a distribuição de cerca de 5 reais por ação em dividendos nos próximos anos, que é o que baseiam nossa tese de investimentos.

Cenário 3 - Terceira via eleita: em nossa visão as possíveis terceiras vias devem fazer um trabalho em linha com a equipe de Jair Bolsonaro, no entanto, com muito menos ruídos do que a atual administração o que em levaria a uma valorização ainda maior dos papéis da maior petroleira do Brasil


Conclusão 

A empresa tem claras vantagens competitivas em território nacional, com uma proposta de dividendos bastante generosa.

Por outro lado, a companhia tem a gestão estatal e no ano de 2022 teremos eleições presidenciais que podem trocar o comando da empresa, cabe ao investidor analisar qual dos três cenários apresentados é o provável e avaliar se o risco retorno de uma possível interferência na administração da companhia irá de fato se materializar ou não.

 

Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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