Pay & Roll

8 de outubro de 2021
Ultimamente os mercados têm operado de forma mais complexa do que no período após os anúncios dos estímulos monetários. Como o presidente do FED vai agir?

Pay & Roll

Por Rodrigo Natali

 

Ultimamente, os mercados têm operado de forma mais complexa que no período após os anúncios dos estímulos monetários. Na época, todos os ativos iam na mesma direção; agora, estamos vendo países em momentos e ciclos diferentes, rotações entre as moedas, setores da bolsa e ações.

E podemos ver o reflexo disso até nos dados econômicos. Antes, quando tínhamos a divulgação dos dados de empregos, o que importava era apenas se o dado principal veio mais forte do que o esperado. Hoje, temos mais nuances e a avaliação é um pouco mais complexa.

Jerome Powell, chairman do FED, deixou claro na última reunião do FOMC, quando declarou que iria acompanhar os próximos dados com atenção para decidir se iria começar a reduzir os estímulos monetários recorde.

Nesse conjunto de dados de emprego, a criação de postos de trabalho aumentou em 194.000, contra uma expectativa de 500.000. No entanto, a taxa de desemprego, que é o foco do FED, saiu de 5,2% para 4,8%, podendo ser dito que está consideravelmente abaixo de 6,0%, a meta do BC americano.

Apenas para ter uma perspectiva, desde os anos 70, tirando a era Trump, tivemos apenas 6 anos com taxas inferiores a essa.

E incluindo a era Trump, em nenhum desse momentos tivemos estímulos monetários.

 

Além disso, historicamente as horas trabalhadas tendem a rodar em 34,4 por semana, mais de 1% abaixo do número do dado hoje, o que mostra que as pessoas estão trabalhando mais que o normal, provavelmente de forma temporária, enquanto não são contratadas novas pessoas.

Isso bate com os dados de renda, que vieram mais fortes; 0,6% contra 0,4%, o que vai em linha com a evidência empírica de que as empresas não estão conseguindo contratar com o atual nível salarial.

Essa visão poderá ser reforçada como os dados do JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey, em tradução literal, pesquisa de ofertas de emprego e desligamento de funcionários), em que veremos que as vagas em aberto estão em quase 11 milhões e, se fossem preenchidas, seriam suficientes para colocar o país não só em pleno emprego, mas em níveis recordes históricos, com uma taxa menor que 1%.

Todos esses fatores permitem que o FED já possa reduzir os estímulos, ainda mais se levarmos em conta a inflação que tem subido nos Estados Unidos e no mundo.

Ou Powell vai dizer que o número veio mais baixo que o esperado e nada vai mudar, porque ele gosta muito de imprimir dinheiro.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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