Para: Pão de Açúcar
Assunto: Cnova - Venda
Cnova e Grupo Pão de Açúcar, o novo Itaú e XP
Por João Abdouni, Marcelo Cerize e Nícolas Merola, CNPI
Nos últimos dias acompanhamos a cisão de Itaú e XP, onde os acionistas do Itaú receberam um BDR (XPBR31). Essa operação destravou um valor que estava praticamente marcado a ZERO dentro das ações do Itaú. Esse tipo de provento, distribuído através de BRD’s da XP, equivale à uma distribuição de dividendos. O valor das ações do Itaú caiu 18%, mas, em contrapartida, o investidor recebeu o equivalente em um BDR de XP.
Em nossa visão a operação foi tão bem arquitetada que pode ser replicada em outra empresa que recomendamos em nossas carteiras, contudo com potencial de destravamento de valor muito maior.
Para quem vem acompanhando nossos relatórios, temos uma tese de soma das partes em:
Pão de Açúcar (PCAR3)
Como já falamos nos relatórios anteriores, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) detém 34% das ações do e-commerce francês Cnova.
Essa participação a valor de mercado negociada na bolsa da França, é de 6,4 bilhões de Reais. Enquanto isso, todo o Grupo Pão de Açúcar, incluindo a sua participação em Cnova, está valendo em bolsa os mesmos 6,4 bilhões de Reais, ou seja, a Cnova está precificada a ZERO.
Realizamos um exercício simulando a mesma operação realizada pelo Itaú e XP, porém, agora em PCAR3 e Cnova.
Os investidores sediados no Brasil receberiam sua parte em Cnova via BDR, na razão de 1 BDR para 1 Ação que possuem de PCAR3, assim como ocorreu no evento do Assaí (ASAI3).
Como os BDRs acompanham as cotações das ações de Cnova negociadas na bolsa francesa, esses recibos distribuídos passariam a ser negociados a um patamar próximo de R$ 23,60 tendo como base a cotação de fechamento do dia 4 de outubro de 2021.
Nesse caso, a bonificação dos BDR’s equivaleria a uma distribuição de praticamente 100% do valor atual da ação, em forma de proventos, como você pode acompanhar na tabela abaixo.
Cálculo do Valor justo do Grupo Pão de Açúcar sem a Cnova
Soma-se ainda ao Grupo Pão de Açúcar, o Êxito, uma operação de varejo colombiana que conta com 1.488 lojas físicas e vem apresentando resultados melhores ao longo dos anos, avaliado em 7,4 bilhões de reais na Bolsa Colombiana.
Somando as três partes separadamente Pão de Açúcar Brasil, Cnova e Exito, chegamos a um valor de 20,1 bilhões.
Nesse momento, o investidor de Pão de Açúcar irá precisar de resiliência para obter o retorno máximo desta alocação de capital, dado que será preciso aguardar por determinados eventos ocorrerem, para que o destravamento de valor da companhia conclua-se.
O primeiro evento já ocorreu, o grupo realizou a cisão da sua subsidiária Assaí, o braço de “atacarejo”. Assim, atingiu o objetivo de aumentar o valor de mercado das empresas que compõem o grupo. O próximo passo será envolver a participação de Cnova, que pode gerar um destravamento de até 6,4 bilhões de Reais.
As etapas podem levar meses, por isso, reiteramos que o investidor precisará ser paciente até que tudo se suceda, vide que o varejo brasileiro como um todo caiu entre 40% e 50% nos últimos quatro meses, puxados pela alta dos juros que vem ocorrendo no Brasil em 2021.
No entanto, existem segmentos dentro do varejo como o alimentar, que é justamente o foco de atuação do Grupo Pão de Açúcar, que devem sofrer muito menos a alta dos juros e que acreditamos que terão seu reconhecimento pelo mercado ao longo do tempo.
Observamos as ações de PCAR3 nesse momento como uma excelente oportunidade para o investidor.