Nubank: O IPO do banco mais valioso da América Latina
Por Pietro Tortoreli e João Abdouni, CNPI
O Nubank estreou hoje, dia 9, como empresa listada na Bolsa de Valores de Nova York, com o valor de sua ação em US$9,00, e se consagra como o maior banco da América latina, em valor de mercado, cerca de 230 bilhões de reais.
O valor do IPO traz uma discussão acerca do que poderá acontecer com o preço das ações de seus concorrentes.
1° Cenário - Bancos digitais se fortalecem
Os bancos digitais iniciaram um movimento de disrupção do mercado, oferecendo produtos financeiros mais baratos e menos burocráticos, causando um impacto no mercado financeiro e assim, adquirindo cada vez mais clientes. Essa é a tese que explica o prêmio em relação a bancos tradicionais, já que uma das métricas para definir o valor dessas fintechs considera o número de usuários.
É inegável que o modelo vem sendo reconhecido pelo mercado e se consolidando cada vez mais, o próprio Nubank em junho deste ano recebeu aporte de R$500 milhões da Berkshire Hathaway, famosa empresa de investimentos de Warren Buffett.
Porém, quando observamos outros bancos com modelos de negócio semelhantes, vemos que estes estão sendo negociados abaixo do Nubank em valores relativos.
O Banco Inter, por exemplo, hoje possui valor de mercado de 32,8 bilhões de reais e 14 milhões de clientes, se formos colocar uma métrica de preço por cliente, o Banco Inter possui um valor de R$2.343 por cliente, já o Nubank possui 48 milhões de clientes, o que com seu valor de mercado atual indica um valor de R$4.790 por cliente, pouco mais que o dobro do Inter.
O BTG Pactual também vem buscando crescer como banco digital, recentemente o banco criou o BTG Pactual Digital mirando o segmento de alta renda, além disso, o banco possui participação no Banco Pan.
O BTG, diferentemente dos outros dois, já é um banco mais consolidado e é, há um bom tempo, o maior banco de investimentos da América latina.
Mesmo assim, o BTG vale R$83,5 bilhões, um terço do valor de mercado do IPO do Nubank e apresentou um lucro de R$7 bilhões.
O questionamento, portanto, é o seguinte: as ações dos bancos digitais deveriam subir e acompanhar de certa forma, valores relativos próximos ao do Nubank?
2 ° Cenário – Os bancões se fortalecem
Outra discussão é sobre a comparação do banco digital com os bancos tradicionais. O Nubank informou em seu prospecto de IPO que no período de nove meses até setembro de 2021 gerou um lucro de R$75 milhões, considerando suas operações apenas no Brasil. Porém, ao considerar todas as operações do banco, tanto no Brasil, quanto no México e na Colômbia, o Nubank teve um prejuízo de R$561,7 milhões no período, ou seja, a companhia ainda não está gerando lucro.
Em comparação, no mesmo período, o Bradesco gerou um lucro de R$19,6 bilhões, ao passo que o Itaú teve lucro de R$21,35 bilhões. Ambos negociam hoje a 8,4 e 7,5 vezes lucro respectivamente.
Apesar disso, o Nubank terá um valor de mercado maior que os dois, o que gera outro cenário a se pensar: estão os grandes bancos mal precificados, ante a consolidação no mercado e sua geração de lucro consistente há muitos anos?
A resposta para esses questionamentos é incerta e gera ao investidor uma reflexão acerca do tema. O certo é que o Nubank é a maior instituição financeira da América Latina em valor de mercado e, assumindo que ninguém conhece o futuro, o investidor que quiser se posicionar no setor financeiro deverá decidir qual será o modelo de negócios vencedor para alocar seus investimentos.
Por Pietro Tortorelli e João Abdouni, CNPI.