Nas águas, o urubu passa fome

Os diversos mercados podem subir ou descer. Mas, como nunca ficam estagnados, há sempre oportunidades para ursos e touros.

Nas águas, o urubu passa fome

Por Ivan Sant´Anna
 

Sempre que há um período intenso e prolongado de seca no Brasil, os telejornais exibem a foto de uma vaca prostrada, esquálida, moribunda. Junto dela, um urubu espera ansioso a vez da janta.

Por outro lado, quando há uma temporada prolongada de chuvas abundantes, os urubus passam fome. Têm de se contentar com animais atropelados nas estradas e não com o farto bufê da seca.

Pode ser que estejamos entrando num bear market das bolsas americanas, que iria se juntar ao que está acontecendo no Brasil, cuja temporada do urso se iniciou em 6 de junho deste ano, quando o Ibovespa bateu 131.190 – pena que a gente só detecte essas coisas algum tempo depois que elas se materializam.

Acontece que, assim como num bull market de ações nem todos os papéis sobem, no bear market há diversos que se dão bem.

Alguns analistas americanos estão prevendo o início de um ciclo de aumento da taxa básica daquele país no início de 2022, período esse que iria até 2024. Isso é péssimo para as bolsas de valores de um modo geral.

No Brasil, há diversos complicadores que podem ser sumarizados por uma declaração de Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa, publicada na primeira página da edição de O Globo de hoje:

Seja lá quem ganhe (as eleições presidenciais de 2022), vai pegar o país em frangalhos.

Por mais que a situação político-fiscal brasileira se complique, há empresas que, tal como o urubu da estiagem, ganharão dinheiro, muito dinheiro, com a alta das commodities.

Há também na B3 uma maneira de se atuar diretamente nas matérias-primas agrícolas, dispensando a alternativa do mercado de ações. Refiro-me aos mercados futuros de milho, boi gordo e café.

Para finalizar, gostaria de frisar que o índice CRB (Commodity Research Bureau Index), que espelha o comportamento das commodities mundo afora, subiu 57,70% de outubro do ano passado até hoje.

Os diversos mercados podem subir ou descer. Mas, como nunca ficam estagnados, há sempre oportunidades para ursos e touros.

Como no sertão brasileiro as águas ainda não rolaram, os urubus continuam se banqueteando. Assim como se banqueteiam aqueles que apostam nos papéis e contratos futuros ligados a eles.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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