Na festa, mas perto da porta

13 de dezembro de 2021
Os ciclos das bolsas do Brasil e dos Estados Unidos parecem estar em momentos opostos. Entenda porque isso está acontecendo e como você pode se preparar melhor no relatório gratuito de hoje.

Na festa, mas perto da porta

Por Rodrigo Natali

 

Nos últimos meses, quase que de forma linear, a maioria das ações menores e médias nas bolsas americanas têm sofrido um fluxo de saída em detrimento das ações maiores, movimento que já marcou picos de mercado.

Desde que a inflação americana começou a subir, o que consequentemente teve impactos nos mercados de renda fixa como o dólar e os títulos públicos, que passaram a se preparar para uma redução dos níveis recordes de estímulo monetário, iniciou-se discretamente um movimento de concentração de posicionamento nas maiores ações, os blue chips.

O racional é que caso haja uma correção repentina, essas empresas, por serem menos voláteis, sofrem menos e, por serem as maiores, possuem alta liquidez, possibilitando a opção de uma saída rápida. Uma forma de estar na festa ainda, mas bem perto da porta de saída.

Uma grande diferença é que hoje em dia as 5 maiores empresas americanas equivalem a praticamente 25% do valor de todas as empresas do S&P 500. Logo, o grau de concentração se dá num momento de redução de risco e, teoricamente, essas empresas não caem, bem como acabam subindo.

Abaixo, podemos ver que apenas 25% de todas as ações do Nasdaq estão acima de suas médias móveis, diferente do começo do ano quando o rally era abrangente e chegou a pegar 90% das ações. Logo, mesmo com a maior parte das ações sofrendo, o mercado pode fazer nova máxima, dado esse efeito de compras. Isso é um efeito técnico e passa com o tempo.


Aqui no Brasil vimos algo oposto: uma rotação dentro do mercado de ações, mas diferente de lá, aqui foi impulsionado pela surpresa com a magnitude das altas de juros para conter a inflação, que foi suficiente para derrubar o mercado e atrair capital para a renda fixa. Com isso o oposto ocorreu, a liquidez dos mercados caiu muito, atingindo em cheio as empresas menores.

Para fazer caixa, as pessoas físicas e os fundos acabam vendendo mais das grandes empresas, por terem mais liquidez, que sofrem num primeiro momento mais do que deveriam. Elas puxam a queda da bolsa até uma hora em que o contrário desse efeito termina com o fluxo se revertendo. Os fundos que venderam mais do que deveriam das ações mais líquidas, depois de pagos os saques, agora aos poucos, vão vendendo as menores e recomprando as maiores.

Esse efeito é tão forte que chegou a causar uma divergência de mais de 25%. A carteira Você Gestor tinha essa operação long & short, que foi zerada na semana passada. Acreditamos que a maior parte desse efeito ainda existe, e que maiores ações no Brasil vão continuar performando melhor no relativo.

A grande diferença é que essa alocação forçada no Brasil indica o final de um ciclo de queda. Nos Estados Unidos, indica o final de um ciclo de altas. Aqui em casa, é hora de entrar de novo na festa.
 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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