Jackson Hole - A cúpula dos banqueiros
Por Rodrigo Natali
Você já ouviu falar no Simpósio Econômico de Jackson Hole?
É o evento mais importante para o mercado financeiro mundial, que ocorre anualmente na estação de esqui Jackson Hole, no estado norte-americano de Wyoming.
Este ano, o simpósio está previsto para acontecer de 26 a 28 de agosto.
O que acontece lá?
Oficialmente, desde 1978, a filial regional do Banco Central dos EUA, o FED de Kansas, escolhe um tópico a ser debatido em fórum aberto e, durante o evento, diversos participantes proeminentes do mercado têm a chance de sentar-se com os formuladores da política monetária, fora a possibilidade de se reunirem anualmente.
É possível afirmar que, dado o protagonismo americano nos rumos da política monetária mundial, esse encontro é mais importante que a famosa reunião anual dos Ministros das Finanças dos países do G-10 em Davos, na Suíça.
Muita coisa mudou desde o formato original; hoje, o evento ocorre durante dias, com apresentações paralelas de quase todos os grandes bancos e fundos, que apresentam suas teses de investimento para o próximo ano em reuniões a portas fechadas com gestores que controlam trilhões de dólares em patrimônio de terceiros, além de CEOs de todos os grandes bancos americanos e internacionais.
Ao final da semana, o FED solta um comunicado com suas diretrizes para a política monetária para os próximos meses.
No ano passado, o destaque foi o direcionamento de que os governos não deveriam deixar apenas para seus bancos centrais a função de estimular a economia; eles deveriam dividir o protagonismo através de estímulos diretos, como programas de redistribuição de renda, e indiretos, como pacotes de estímulo econômico baseado na modernização de infraestrutura.
Para você ter uma ideia, as causas desse direcionamento foram tão grandes que foram capazes não só de reativar a economia nos EUA – este ano, possivelmente teremos um crescimento do PIB de mais de 5%, o mais alto em mais de duas décadas -, como também trouxeram alguns efeitos indesejados, como as taxas de inflação mais altas dos últimos 15 anos.
E é com esse cenário (bastante complicado, diga-se de passagem), em um mundo vivendo uma situação totalmente única, onde existe uma pressão para que o FED comece a tirar o pé do acelerador monetário, que iremos para Jackson Hole no próximo mês.
O que sairá de lá vai ditar os próximos passos do FED e, consequentemente, de outros bancos centrais, influenciando diretamente o mercado, principalmente seus grandes players.
Vamos acompanhar com você os próximos passos, monitorar quais serão os principais temas discutidos nesse grande evento e, principalmente, quais as chaves para entender e reagir aos novos rumos que poderão ser traçados nessa verdadeira cúpula dos banqueiros.