A Inflação se alastra mundo afora

19 de agosto de 2021
A inflação vem subindo pelo mundo e coloca em risco a postura dos bancos centrais

A Inflação se alastra mundo afora

 Por Rodrigo Natali
 

A inflação nos Estados Unidos hoje gira na marca de 5% e já se espalha para a Europa. Os motivos para esse número elevado têm raízes em fenômenos mais passageiros, como os que enxergamos no Brasil: a alta dos preços das commodities e a falta de alguns insumos e componentes essenciais para a produção de diversas indústrias. Ocorre que, diferente daqui, já observamos uma pressão vinda de salários, que é muito mais duradoura.

Durante o ano de 2020, tivemos uma inflação global ao consumidor de 1,2%, abaixo da média do atual ciclo expansionista começado em 2008, de 2,2%, por causa da pandemia. No entanto, graças à postura extremamente agressiva dos Bancos Centrais, essa média deve ficar em 3% em 2021, mesmo com a maior parte das pressões tendo começado a se manifestar de forma mais agressiva no segundo semestre do ano.

Por mais que parte dessa alta fosse até desejada por alguns Bancos Centrais, como o do Japão, que por anos sofreu a ameaça da deflação, esses patamares mais elevados, ela começa a se tornar um problema que escapa do domínio da política monetária e começa a entrar no campo político.

Um exemplo é o caso do presidente americano, Joe Biden, que mesmo tendo liderado uma recuperação econômica que já beira o pleno emprego, tem sofrido quedas sensíveis em seus índices de aprovação e popularidade. Por mais que o banco central americano, o Fed, seja independente, ele não é totalmente imune a ruídos políticos e em algum momento isso pode se tornar uma variável que pode afetar sua decisão.

Com esse fenômeno sendo repassado para salários e se espalhando pelo mundo, como temos visto, o diagnóstico atual de que a maior parte das pressões altistas são passageiras acaba perdendo força, dando margem a críticas à postura de juros negativos a compra de ativos por parte dos governos e jogando um holofote e mais risco nas próximas decisões das autoridades monetárias.

Resumindo, com a alta da inflação, uma bandeira amarela foi levantada no mercado internacional, colocando em risco a manutenção do ciclo de expansão monetária turbinado por juros negativos que tem sido a norma desde o início da pandemia. Com isso temos a entrada de mais uma variável de volatilidade nos já ruidosos mercados.
 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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