Evergrande: cada vez menor

A Evergrande é uma gigante do mercado imobiliário chinês que tem chamado a atenção das pessoas nos últimos dias, quando nos aproximamos dos capítulos finais de uma lenta morte anunciada.

Evergrande: cada vez menor

Por Rodrigo Natali 
 

A Evergrande é uma gigante do mercado imobiliário chinês que tem chamado a atenção das pessoas nos últimos dias, quando nos aproximamos dos capítulos finais de uma lenta morte anunciada.

A ação da empresa, que fez a máxima de 2017, já entrou nesse ano caindo 50% comparada à alta máxima registrada, e nesse momento, amarga uma perda de 93% de seu valor de mercado, que hoje se encontra em cerca de 4 bilhões de dólares, se igualando a uma small cap americana.

Mas, se usarmos essa linha de argumentação, haverá quem diga que a dívida é de 300 bilhões de USD, e um calote seria uma ameaça para as finanças globais, o que justificaria um bail out (resgate do governo).

Primeiro, a China de hoje jamais faria um bail out, dado que tem feito recentemente o exato oposto. Segundo, a dívida também já opera com um desconto de 90% e seus detentores já estão negociando com a empresa uma redução no valor da dívida, fazendo com que a reestruturação seja uma certeza.

Lembremos que essa discussão já existe há meses, e diferente das manchetes bombásticas, não é uma grande novidade que começou de alguns dias para cá.

O mais importante, e isso sim é novidade, é que 80% das casas vendidas pela incorporadora chinesa ainda não foram entregues, e havia o risco que os clientes da empresa perdessem seus investimentos.

Esse é o fator mais importante para o governo chinês, mais do que a queda de valor dos ativos financeiros da empresa, que em grande parte estava na mão de investidores internacionais.

No caso das moradias, essas estão totalmente na mão de chineses, e nesse caso, o governo vai garantir a entrega das casas, o que estabiliza o mercado imobiliário e garante que a indústria da construção seja menos afetada.

No entanto, os mercados ficaram tensos, as commodities caíram e todos vem falando sobre o assunto, conforme a bolsa chinesa amarga uma queda de mais de 20% das máximas de fevereiro.

O que isso significa? Creio que apenas isso mesmo: tensão, mídia se envolvendo, uma história com grandes números e uma narrativa que não tem um porta-voz local para desmentir o que se fala deles na madrugada.

Em suma, apesar de todo o barulho, já estamos nos encaminhando para os capítulos finais dessa história que começou há quase 5 anos e não no começo de um novo filme que acabou de entrar em cartaz, do nada.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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