Acordos secretos

2 de agosto de 2022
A ida de Nancy Pelosi a Taiwan pode causar, de fato, uma guerra entre EUA e China? Há risco de um conflito nuclear? Confira a análise de Ivan Sant'Anna sobre a polêmica atitude (e possíveis consequências) da speaker da House of Representatives.

Hoje o mundo (e, por conseguinte, os mercados) está em compasso de espera com todos os olhos e ouvidos ligados na ilha de Taiwan onde a speaker da House of Representatives dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, desembarcou para uma visita oficial.

Como o líder chinês Xi Jinping prometeu uma resposta militar caso a visita de Pelosi se consumasse, alguma atitude nessa área ele terá de tomar para não cair em descrédito junto ao seu povo e à comunidade internacional.

É até possível que, em absoluto segredo, órgãos de inteligência da China já tenham acertado, com seus análogos americanos, qual será essa retaliação e a “contrarretaliação” dos EUA.

Há precedentes.

Em 1962, quase houve um confronto atômico entre os Estados Unidos e a União Soviética, quando esta última instalou plataformas de lançamento de mísseis nucleares na ilha de Cuba.

 

 

O presidente John Kennedy decretou um bloqueio naval à ilha. Todos os navios soviéticos que estivessem navegando para lá seriam revistados pela US Navy.

Os cargueiros soviéticos deram meia-volta, regressaram para suas bases e as plataformas de mísseis foram desmontadas.

Para os americanos, foi uma vitória espetacular de Kennedy.

O que só se veio a saber muitos anos mais tarde é que Washington concordou em remover todos os seus artefatos nucleares instalados na Turquia, que ameaçavam, com seus bombardeiros B-52, o território soviético.   

Isso foi visto, na União Soviética, como uma grande vitória do líder Nikita Kruschev.

Pode ser que enquanto Nancy Pelosi visita a ilha de Taiwan, os chineses ataquem alguma base, porto ou aeroporto taiwanês, sem causar muitas baixas e estragos, apenas para “honrar a ameaça” dada e, em contrapartida, façam algum tipo de acordo secreto com os americanos que legitime ainda mais sua posição em relação à província rebelde. O rótulo é de Pequim.

O que não vai acontecer é uma guerra nuclear entre as duas potências. Não por causa de uma deputada americana que tem a mania de adotar uma política externa própria.

Nota: por ocasião da crise dos mísseis de Cuba, época em que eu tinha 22 anos, até compus uma marchinha de carnaval que começava assim:

Tio Sam ficou contrariado

            porque em Cuba tinha teleguiado...”

Ivan Sant’Anna.

Nota do editor: Ivan Sant'Anna também escreve, com exclusividade, todas as segundas, terças e quintas-feiras para a coluna Warm Up PRO que você pode assinar clicando aqui.

Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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