Pai Rico Pai Pobre Daily #24 - Por que 97% ficarão pobres após 2020

23 de dezembro de 2020
Muitos acreditaram que a geração baby boomer teria aprendido com seus próprios erros e focado na educação financeira de seus filhos, os millennials. Ledo engano.
  • A geração baby boomer não aprendeu com seus próprios erros
  • Aqui está o motivo por que as gerações de hoje correm o risco de perder o que têm, em meio ao atual cenário econômico.      
  • Eis o porquê de não aprendermos sobre dinheiro na escola


Caro(a) leitor(a),

Quando eu era jovem, o universo do dinheiro era muito simples. Na maior parte das vezes, você podia se sair bem ao seguir os velhos conselhos como ir a uma boa escola, obter um bom trabalho, comprar uma casa, poupar dinheiro e investir em um portfólio diversificado de ações, títulos e fundos mútuos.

Todavia, à medida que fui envelhecendo, o universo do dinheiro se tornou cada vez mais complexo. A paridade dólar-ouro teve seu fim, criando oscilações voláteis em seu valor. Os regimes previdenciários tradicionais, financiados por empregadores, foram abandonados e dando lugar a regimes de contribuição individual pelo empregado, exigindo que funcionários sem formação financeira passassem a investir nas bolsas. A classe de consultores financeiros emergiu como resultado desse processo. E o mundo do dinheiro tornou-se cada vez mais global, tornando-se ainda mais difícil acompanhar os mercados. O resultado foi uma geração baby boomer, que não se preparou para a aposentadoria, e uma crise financeira iminente.

Muitos imaginaram que a geração baby boomer teria, pelo menos, aprendido com seus próprios erros e focado na educação financeira de seus filhos, os millennials. Ledo engano.

A seguir, mostro as razões por que as gerações de hoje estão correndo o risco de perder tudo em meio ao atual cenário econômico. 
 

Eles não ensinam sobre dinheiro nas escolas  

Na minha infância, minha família e eu vivíamos em uma casa antiga que alugávamos, a duas quadras da minha nova escola e perto da Biblioteca Hilo. O terreno onde nossa casa foi construída é um estacionamento hoje. Eu nunca me senti pobre. Até ir a uma escola de crianças ricas.  

Foi por isso que, quando tinha nove anos, eu levantei minha mão e perguntei à professora: “quando nós vamos aprender sobre dinheiro?” 

Pega de surpresa e perturbada com a questão, minha professora, uma senhora já perto da aposentadoria, gaguejou um pouco, para em seguida finalmente responder: “nós não ensinamos sobre dinheiro na escola.”

A resposta dela dizia mais do que simples palavras. Era o tom e a energia por detrás de suas palavras que comunicavam a verdadeira mensagem da professora. Insatisfeito com o que ela respondera, perguntei de novo: “quando nós vamos aprender sobre dinheiro?”

Ainda um pouco confusa, ela disse: “Pergunte a seu pai por que não ensinamos sobre dinheiro na escola. Afinal, ele é o responsável maior por sua educação.”

Meu pai simplesmente riu quando lhe contei o ocorrido na aula. Sorrindo, ele me disse: “Filho, nunca pergunte a um(a) professor(a) uma questão a que ele(a) não pode responder. Professores são obrigados a saber todas as respostas. Eles não são treinados para dizer ‘Eu não sei’. Você a constrangeu.”

“Mas por que ela não sabe nada sobre dinheiro”, perguntei.

“Porque professores não precisam saber nada sobre dinheiro”, replicou ele. 

Ao perceber a incompreensão visível em meu rosto, logo depois ele adicionou: “Porque eles têm estabilidade em seus empregos.”

Eles não ensinam sobre dinheiro na escola simplesmente porque educam as crianças para se tornarem empregadas e a depender de contracheques.
 

Somos ensinados a ser empregados

Desde setembro, crianças dos EUA estão voltando para a escola. Mas, neste ano, a sala de aula foi, para a maioria das crianças, suas próprias casas. Fato é que isso não impede as escolas de ensiná-las a serem escravas – de um salário. Elas aprenderão a pensar como meu pobre pai pensava. Não corra riscos. Não encontre ângulos únicos. Não pense fora da caixa.

Na minha época, as crianças só voltavam às aulas, passadas as férias de verão (julho e agosto), depois do Dia do Trabalho, em setembro. Afinal, esse é um feriado de celebração aos funcionários que trabalham até os ossos e ganham um final de semana de três dias como recompensa. “Volte ao trabalho” é a mensagem que as crianças receberam ao retornarem, e isso é verdade porque as escolas são projetadas para tornar as crianças excelentes funcionárias, não empreendedoras.

Elas são ensinadas a seguir uma programação rígida. Elas são ensinadas a fazer trabalho extra fora do horário. Elas são ensinadas a não questionar autoridade ou sistemas estabelecidos. Elas são ensinadas a trabalhar sozinhas e que trabalhar em grupo é trapaça. E elas aprendem que as crianças que seguem essas maneiras de fazer as coisas obtêm as melhores notas.

Kim e eu não temos filhos. Mas temos muitos amigos que têm, os quais são muito ricos e bem-sucedidos. Embora os filhos deles vão para a escola e aprendam todas essas mesmas coisas, percebo uma qualidade diferente neles. Eles são empreendedores em seu pensamento e não têm medo de questionar maneiras aceitas de fazer as coisas. Por exemplo, os filhos de um amigo meu passaram o verão procurando bolas de golfe perdidas no campo de golfe, limpando-as e vendendo-as de volta aos jogadores. Eles ganharam muito dinheiro fazendo isso, em muito menos tempo do que ganhariam se tivessem um emprego de verão normal e respeitável no McDonald's.

A razão para isso, é claro, é que esses pais e amigos meus trabalham duro para ensinar os filhos deles e fornecer uma contranarrativa do que estes aprendem na escola. E eles ensinam como dinheiro, negócios e investimentos funcionam.

Mas talvez, acima de tudo, em vez de desencorajar os esquemas estúpidos que seus filhos elaboram para ganhar dinheiro, esses pais permitem que eles persigam ideias malucas, cometam erros e tenham grandes sucessos. Como crianças, todos nós deveríamos ter essa enorme sorte.
 

Poupamos dinheiro para a aposentadoria

A decisão de Nixon, em 1971, de desvincular o dólar do padrão-ouro é uma das razões pelas quais tantas pessoas estão endividadas, assim como o governo dos Estados Unidos o está. Quando as regras do dinheiro mudaram, em 1971, os poupadores tornaram-se perdedores, e os devedores tornaram-se vencedores. Uma nova forma de capitalismo surgiu. Hoje, quando ouço pessoas dizerem “você precisa economizar mais dinheiro” ou “economizar para a aposentadoria”, me pergunto se elas perceberam que as regras do dinheiro mudaram.

Enquanto os pobres são vítimas de dinheiro, a classe média é prisioneira de dinheiro.

Ao descrever a classe média, pai rico disse: “A classe média resolve seus entraves financeiros de maneira diferente. Em vez de resolver o problema do dinheiro, ela acha que pode superá-los pela ‘esperteza’. A classe média vai gastar dinheiro para ir à escola, a fim de conseguir um emprego seguro. A maioria das pessoas desse grupo é inteligente o suficiente para ganhar dinheiro e criar uma zona de proteção entre elas e seus problemas financeiros. Elas compram uma casa, vão para o trabalho, não se arriscam, avançam na escada corporativa e economizam para a aposentadoria comprando ações, títulos e fundos mútuos. Elas acreditam que a educação acadêmica ou profissional delas é suficiente para isolá-las do mundo nu e cru do dinheiro.”

Na economia de hoje, o velho conselho é o pior conselho. Milhões de pessoas que “economizam para a aposentadoria” por anos, esperando que suas economias retornem multiplicadas – milhões de pessoas baby boomers da minha idade –, logo descobrirão que não têm dinheiro suficiente para se sustentar. Isso porque o dinheiro que foi retirado dos contracheques delas foi para ativos falsos, tornando os ricos mais ricos – e deixando-as segurando o saco.

Abraço,

Robert Kiyosaki

Conheça o responsável por esta edição:

Robert Kiyosaki

Robert é autor de Pai Rico, Pai Pobre - livro nº1 de finanças pessoais de todos os tempos -, uma obra que desafiou e mudou a forma como dezenas de milhões de pessoas pensam sobre dinheiro. Empreendedor, educador e investidor, Robert é conhecido no mundo todo pela irreverência e forma franca de falar, colocando seus seguidores sempre um passo à frente da opinião popular.

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