Gritty Investor #77 - Conselhos sobre estratégia

11 de setembro de 2020
Ensinamentos valiosos não se aprendem da noite para o dia: trago 25 anos de experiência agora para você

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Nota do editor: Pedro Cerize mostrará a você ensinamentos valiosos de como escolher ações e montar uma estratégia assertiva. 

Oi.

Vou compartilhar agora com você algumas lições aprendidas durante os mais de 25 anos que estou trabalhando no mercado financeiro.
 

Qual a quantidade de ações que devo ter na minha carteira? 

Acho que a quantidade ideal de diversificação varia, primeiro, conforme o volume.

Isso quer dizer que, se você tem um volume muito pequeno, não adianta pulverizar muito. Eu, pessoalmente, acho que o número ideal varia de 10 a 15 ações.

A partir daí, o efeito da diversificação cai muito. Ou seja, você ganha muito pouco pelo efeito de diversificação e passa a ter que acompanhar um número maior de empresas.

É justamente o que eu faço: uma vez que a ação está na minha carteira, acompanho tudo que está acontecendo diariamente com as empresas.

Das ações que podem ficar na minha seleção, que estão num universo de 60 ações, tenho um acompanhamento próximo, mas não tão intenso quanto aquelas já escolhidas.

E as ações que não estão entre as 60 selecionáveis, faço um acompanhamento periódico para ver se elas podem entrar no grupo.

Então, se você começa a ter muitas ações em seu portfólio, ganha em diversificação e perde a capacidade de acompanhar o que está acontecendo.

E se você tiver poucas ações, você ganha com o potencial de concentrar no que você gosta mais, mas fica mais exposto ao risco de cada companhia.

Por isto, acho que a conta que equilibra bem isso é entre 10 e 15 ações. Estatisticamente, a partir de 30 você não tem benefício nenhum em diversificação.
 

Qual estratégia você usa? Vale a pena usar alavancagem?

É até um pouco frustrante (sempre fiz muita coisa) mas a maior parte dos retornos que eu tive foi quando eu encontrei uma ação, coloquei uma parte relevante do dinheiro nela e essa ação se multiplicou por 3, 4, 5 - até 10 vezes, e depois mantive boa parte da alocação durante esse processo todo. 

Isso que fez a diferença. Aconteceu em alguns momentos desde que comecei, mas eu fiz muita coisa errada e outras vezes certas que deram resultado.

Sempre ficava me questionando se valia a pena deixar tudo parado e só tentar encontrar esses grandes movimentos.

Na verdade acredito que essas descobertas são como encontrar uma grande pepita minerando todo dia.

A probabilidade de você descobrir essa pepita é muito pequena se você não ficar minerando todo dia.

Quanto à questão da alavancagem, já operei muito alavancado, já me dei bem e já me dei mal. 

A única coisa que eu posso dizer de alavancagem é que você tem que usar ela com moderação e por um tempo muito limitado.

Os dois instrumentos que existem hoje para pessoa física fazer alavancagem é ficar comprado no índice futuro (você deposita uma margem e recebe o ajuste) ou fazer termo de alguma ação específica que você gosta bastante (tem um custo razoável, mas você sempre vai potencializar seu acerto e seu erro).
 

Como pegar todos os movimentos do mercado?

Fiz isso durante muito tempo, principalmente quando operava na pessoa física. 

Fiz isso em grande escala, quando operava via tesouraria, e no começo do Skopos também, acho que essa era uma característica muito presente no fundo (eu queria ficar vendido durante o dia e terminava comprado de novo). Eu queria pegar todo o movimento.

O único o conselho que posso lhe dar, se você quiser fazer isso, é que tente encontrar um instrumento barato, porque a margem de ganho de quem quer pegar todos os movimentos costuma ser baixa. 

Não porque a cada movimento você não ganha, mas, como existem erros, quando você passa um período grande, boa parte dos erros neutraliza boa parte dos ganhos. 

E, mesmo que sobre um ganho, o custo de transação disso é muito grande. Você sempre sai com esperança matemática que é o custo de transação negativo.

Então, se eu tiver que dar um conselho para você é: pega a sua opinião, coloca ela no limite do que você considera adequado de risco, compra 100%, 120%,130%, zera, fica vendido - não tem problema nenhum, mas faça isso através de um instrumento de trading barato. 

E eu acho que, para quem quer operar isso em bolsa, o instrumento mais barato é o índice futuro.
 

Quando suas ações caem fortemente, mas a tese permanece, você costuma recomprá-las?

É difícil você ver uma ação cair fortemente isoladamente. Se a ação caiu, mas em um contexto do mercado como um todo, é uma coisa. 

Agora, é muito difícil você ver uma ação isoladamente cair fortemente sem nenhum desafio para sua tese inicial de investimento.

Agora, se esse desafio for (na sua opinião) errado, você tem a oportunidade de comprar mais ações num preço mais baixo, não para fazer preço médio, mas simplesmente porque marginalmente você está fazendo investimento bom.

Eu nem calculo preço médio porque preço médio leva a um viés errado de decisão. Mas é raro acontecer uma queda muito forte sem um motivo.

O que eu acho melhor você fazer sempre é escalar a sua posição. Você compra uma posição, e vamos imaginar que você queira comprar 10%, inicialmente você compra 3%.

Então, lá no fundo, você fica quase que “torcendo” para que a ação caia um pouco e você aumente essa posição.

Agora, se você for direto para o seu limite de posição, acho que não vale a pena você ficar aumentando demais em histórias que dão errado. 

Esse é o tipo de estratégia que mais causa prejuízo, não só para pessoa física, mas para gestor de fundo também.

Um abraço,

Pedro Cerize

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Conheça o responsável por esta edição:

Pedro Cerize

Gestor de fundos de investimentos e autor da série A Carta

Sócio-fundador da Inv e da Skopos Investimentos, Pedro Cerize é considerado um dos melhores gestores de renda variável do Brasil. Em sua série “A Carta”, analisa a economia brasileira e sugere alocações de investimentos. Também é autor da newsletter "Gritty Investor" e está à frente da série "1+100 Reloaded", além de participar da "Top Pix".

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