Oi.
Em junho de 2004, escrevi uma carta aos investidores do Fundo Skopos em que levantava a tese de que estávamos vivendo uma correção na Quarta Onda de alta da Bolsa. Segundo minha tese, se isso fosse verdade, o potencial de alta era muito grande.
Vou reconstruir para você os eventos que nos levaram à situação.
Na véspera da eleição de 2002, quando mercado teve certeza de que o Lula seria eleito, o Ibovespa atingiu seu ponto mínimo em dólar.
Com um discurso mais moderado do Lula e uma política econômica conservadora, os preços começaram a subir rapidamente. Além disso, um fenômeno novo na época, a China, começou a impactar diretamente os preços de commodities, o que ajudou bastante tanto a economia, quanto esse setor em especial na Bolsa. Ao final do primeiro ano de mandato do Lula, o Ibovespa tinha subido nada menos que 309%.
E assim começa 2004 na Bolsa: muito otimismo e poucas dúvidas. No entanto, apesar do otimismo dos jornais, o mercado parou de subir. Inicialmente, a explicação era uma realização de lucros. Depois, um fato político surgiu, o escândalo de corrupção envolvendo Waldomiro Diniz, homem de confiança do então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Após o susto inicial, essa queda se tornou uma oportunidade de compra. Economia crescendo, juros caindo, commodities não paravam de subir, e os fundamentos justificavam permanecer comprado.
O mercado se recuperava, mas não conseguia romper as máximas, e ficou meses em um movimento lateral. Foi nessa época que o Banco Central dos Estados Unidos (FED, na sigla em inglês) iniciou o ciclo de ajustes da taxa de juros após os atentados de 11 de setembro. Aumentos graduais que, conforme os especialistas, não tinham impacto relevante na nossa economia.
Naquele momento, o fator mais importante para o Brasil era a China. E assim o mercado se ancorou até que sirenes dispararam em todos os bancos.
Em pânico, analistas diziam que com o fim do ciclo de compras chinesas, o Ibovespa poderia recuar dos 7 mil dólares para até 4 mil dólares. Uma queda intolerável para qualquer um.
O gráfico abaixo ilustra a história que contei.
Era junho de 2004. Maio tinha sido um mês péssimo para os mercados e para meu fundo. Não havia muita alternativa, naquela época, a não ser acreditar em um futuro melhor e manter minha confiança de que os preços embutiam um pessimismo exagerado.
Sendo assim, escrevi aos meus investidores que aquela era uma correção normal e que, se os ciclos se repetissem, poderíamos ver o Ibovespa a 40.000 pontos em dólar. Isso era uma alta de aproximadamente 600 por cento.
O resto é história.
Observe que a queda de 35 por cento no período, quando analisada em retrospectiva, parece irrelevante. Mas acredite... ela doeu bastante e levantou em todos, inclusive em mim, grandes dúvidas. Essas cicatrizes de guerra que carrego que me tornaram um investidor mais medroso. Eu sei, intimamente, que estive próximo de cometer o erro de zerar minhas posições naquela época.
Hoje, pensando bem: deveria ter me colocado antes da queda em uma posição mais confortável para analisar com mais frieza o cenário. É isso que recomendo a você fazer agora. Se coloque em uma posição de conforto para tomar uma decisão firme quando a hora certa chegar.
Vou terminar essa Gritty com a mesma recomendação que dei aos meus investidores em 2004. Na verdade, era um lembrete a mim mesmo do que eu deveria fazer.
“Após redigir essa carta, gostaríamos de deixar claro que mesmo numa tendência de alta, as baixas podem ser muito acentuadas, tirando a convicção dos menos preparados e todo dinheiro dos alavancados... Para ganhar, primeiro é preciso não perder.”
É isso!
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Um abraço,
Pedro