Depois de um longo período de calmaria, tivemos ontem um dia de forte volatilidade. O Ibovespa negociou 20 bilhões de reais, o dobro de um dia normal, com oscilações de preços que deveriam ser tão raras quanto um bilhete sorteado de loteria.
Einstein demonstrou que, ao contrário do que os físicos Newtonianos acreditavam, massa, energia e, em especial, o TEMPO, não são absolutos, mas sim relativos. Nos mercados, medidos cronologicamente, o tempo é absoluto, porém é influenciado pela volatilidade (relativo). Quanto mais volátil, mais rápido o tempo passa. Prognósticos ficam ultrapassados em questão de horas. E foi exatamente isso que vivemos desde a noite de quarta-feira.
Uma frase fora de contexto “Tem que manter isso, viu?”, que segundo o jornalista Lauro Jardim teria sido dita depois da afirmação de que Joesley Batista estava pagando pelo silêncio de Cunha, se revelou bem menos dramática, pois Joesley afirmou apenas que estava “de bem” com Cunha.
Ontem escrevi que o governo Temer tinha acabado acreditando na notícia original e que os 18 meses que nos separam da eleição tinham sido acelerados.
Dada a mudança no que foi revelado, deveria eu mudar de posição? Uma coisa que vocês vão perceber é que eu erro muito nas minhas previsões. Só que eu sei disso e tento fazer coisas baseadas na evidência empírica de que minhas previsões podem estar erradas (infelizmente com bastante frequência).
Mas independente do desfecho desse episódio, as coisas não serão mais o que eram antes.
A volatilidade acelerou o tempo dos mercados e o que se quebrou não pode mais ser consertado. Pela ótica de hoje, as reformas têm pouca chance de prosperar. O processo eleitoral começou (vimos até Marina Silva nos jornais) e o que valia pra ontem continua valendo pra hoje.
- Não faça nada que você não seja obrigado a fazer. Se você não está alavancado ou operando derivativos, não tente ser mais esperto (ou estúpido) do que a turma do mercado. Se você não comprou empresa alavancada, fazendo “turn around” ou estatal, você vai sobreviver. As empresas vão sobreviver.
- Não leia jornal de economia; nem de política. Não leia jornal. Isso não vai te ajudar. E se não vai te ajudar, só pode atrapalhar.
- Não tente adivinhar o futuro: dias como hoje mostram que isso além de impossível é inútil. Não caia na tentação de pensar: “Vou vender agora e voltar quando tudo estiver mais claro”. Quando tudo estiver mais claro, não haverá oportunidades.
Mesmo com premissas erradas, um processo que admite a incerteza triunfa sobre quem acha que pode prever o futuro.