Global Investor #38: S&P 500 e o preço do petróleo

9 de fevereiro de 2022
Hoje, Marink Martins compartilha as ideias de Charles Gave, através dos vieses de eficiência e escassez. Com isso, é possível observar uma forma diferenciada de ver os mercados!

 


Bem-vindo a mais uma edição da Global Investor!


O estrategista Charles Gave, um dos fundadores da casa referência de pesquisa Gavekal, realizou uma análise que apresenta o tema: arbitragem entre eficiência e escassez.

Sobre a eficiência, Gave recorre ao índice S&P 500, esse que reúne as maiores empresas dos Estados Unidos, com companhias associadas ao conceito de eficiência e inovação. Em contrapartida, o estrategista apresenta o preço do petróleo como um símbolo para referenciar as questões relacionadas à escassez. 

No gráfico a seguir é possível observar, uma vez que, um ajuste associado a ganhos de eficiências anuais e, considerando para a condição próxima a 1.3% de crescimento, o que temos é um levantamento muito interessante que traz relevantes informações:

 

 

A imagem acima apresenta a relação entre o S&P 500 e o preço do petróleo, retirando o ganho de eficiência.  

O que Charles Gave conclui e compartilha, primeiramente, é que essa relação reverte a média! Um fato que se repetiu mais de 50 vezes nos últimos 100 anos.

Pouco são os gráficos no mercado que detém uma frequência no número de observações e seja grande o suficiente para ser possível atribuir uma maior convicção.

É comum tirar conclusões com três, quatro e até cinco observações, diferentemente do que o gráfico apresenta, são 100 anos analisados, muitas observações.

Quando o S&P está se valorizando frente ao preço do petróleo, o que se observa nos últimos anos, é o que Gave costuma chamar de “deflationary boom” (um ciclo de valorização desinflacionária). Normalmente, esse é um aspecto bom para as empresas de tecnologia, companhias que apresentam forte crescimento ou com boas perspectivas de lucratividade.

Contudo, quando o momento apresenta um cenário reverso em que o preço do petróleo começa a subir em relação ao S&P, logo, o domínio da escassez começa a crescer.

E, atualmente, esse é um momento muito particular em que vivemos!

Jeffrey Currie, o estrategista-chefe direcionado para a área de commodities na Goldman Sachs, afirma que em 30 anos de sua carreira, nunca presenciou situações parecidas como essa.

Está faltando tudo!

Nos últimos dias, o preço do alumínio disparou e o preço do barril, embora esteja caindo (naturalmente essa queda está associada a pressões e momentos de expectativas para uma solução pacífica nas questões geopolíticas), a tendência para o valor do petróleo tem sido de alta.

Embora o preço do petróleo tenha subido consideravelmente, quando toda a liquidez de mercados é considerada, vemos o crescimento no agregado monetário do M2 dos Estados Unidos. 

Há muito espaço para o petróleo subir!

Outra observação realizada por Charles Gave: próximo ao fim desse processo,  a inflação surge e fica mais elevada. E, é justamente nesse momento que, historicamente, se inicia o famoso bearmarket o mercado baixista —.

Essa é uma relação muito importante, apesar de muito se falar sobre energias alternativas e renováveis, praticamente 85% de toda a energia que a população mundial consome ainda é provinda de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). 

Mas, a narrativa vem mudando, algo muito importante para ser compreendido no momento. 

Toda essa narrativa associada a energias renováveis e à preocupação com o aquecimento global, tende a ser inflacionária. Logo, o efeito em cadeia é um fato e que já chega nos fertilizantes e em breve chegará nos preços dos alimentos. 

Essa é uma dinâmica interessante, pois caso o Fed, banco central norte-americano, embarque em uma sequência de aumentos de cinco ajustes de 0,25% e, até mesmo em sete vezes mais, isso pode provocar muita volatilidade e uma queda inicial nos mercados. 

Até lá, há muitas coisas para observar. É preciso ajustar as posições nas medidas em que os fatos vão ocorrendo. 

 

Espero que você tenha gostado da edição!

 

Um grande abraço,
Marink Martins.

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

A Inv é uma Casa de Análise regulada pela CVM e credenciada pela APIMEC. Produzimos e publicamos conteúdo direcionado à análise de valores mobiliários, finanças e economia.
 
Adotamos regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários em sua Resolução nº 20/2021 e Políticas Internas implantadas para assegurar a qualidade do que entregamos.
 
Nossos analistas realizam suas atividades com independência, comprometidos com a busca por informações idôneas e fidedignas, e cada relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal do signatário.
 
O conteúdo produzido pela Inv não oferece garantia de resultado futuro ou isenção de risco.
 
O material que produzimos é protegido pela Lei de Direitos Autorais para uso exclusivo de seu destinatário. Vedada sua reprodução ou distribuição, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da Inversa.
 
Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240