Bem-vindo a mais uma edição da Global Investor!
O estrategista Charles Gave, um dos fundadores da casa referência de pesquisa Gavekal, realizou uma análise que apresenta o tema: arbitragem entre eficiência e escassez.
Sobre a eficiência, Gave recorre ao índice S&P 500, esse que reúne as maiores empresas dos Estados Unidos, com companhias associadas ao conceito de eficiência e inovação. Em contrapartida, o estrategista apresenta o preço do petróleo como um símbolo para referenciar as questões relacionadas à escassez.
No gráfico a seguir é possível observar, uma vez que, um ajuste associado a ganhos de eficiências anuais e, considerando para a condição próxima a 1.3% de crescimento, o que temos é um levantamento muito interessante que traz relevantes informações:
A imagem acima apresenta a relação entre o S&P 500 e o preço do petróleo, retirando o ganho de eficiência.
O que Charles Gave conclui e compartilha, primeiramente, é que essa relação reverte a média! Um fato que se repetiu mais de 50 vezes nos últimos 100 anos.
Pouco são os gráficos no mercado que detém uma frequência no número de observações e seja grande o suficiente para ser possível atribuir uma maior convicção.
É comum tirar conclusões com três, quatro e até cinco observações, diferentemente do que o gráfico apresenta, são 100 anos analisados, muitas observações.
Quando o S&P está se valorizando frente ao preço do petróleo, o que se observa nos últimos anos, é o que Gave costuma chamar de “deflationary boom” (um ciclo de valorização desinflacionária). Normalmente, esse é um aspecto bom para as empresas de tecnologia, companhias que apresentam forte crescimento ou com boas perspectivas de lucratividade.
Contudo, quando o momento apresenta um cenário reverso em que o preço do petróleo começa a subir em relação ao S&P, logo, o domínio da escassez começa a crescer.
E, atualmente, esse é um momento muito particular em que vivemos!
Jeffrey Currie, o estrategista-chefe direcionado para a área de commodities na Goldman Sachs, afirma que em 30 anos de sua carreira, nunca presenciou situações parecidas como essa.
Está faltando tudo!
Nos últimos dias, o preço do alumínio disparou e o preço do barril, embora esteja caindo (naturalmente essa queda está associada a pressões e momentos de expectativas para uma solução pacífica nas questões geopolíticas), a tendência para o valor do petróleo tem sido de alta.
Embora o preço do petróleo tenha subido consideravelmente, quando toda a liquidez de mercados é considerada, vemos o crescimento no agregado monetário do M2 dos Estados Unidos.
Há muito espaço para o petróleo subir!
Outra observação realizada por Charles Gave: próximo ao fim desse processo, a inflação surge e fica mais elevada. E, é justamente nesse momento que, historicamente, se inicia o famoso bearmarket — o mercado baixista —.
Essa é uma relação muito importante, apesar de muito se falar sobre energias alternativas e renováveis, praticamente 85% de toda a energia que a população mundial consome ainda é provinda de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural).
Mas, a narrativa vem mudando, algo muito importante para ser compreendido no momento.
Toda essa narrativa associada a energias renováveis e à preocupação com o aquecimento global, tende a ser inflacionária. Logo, o efeito em cadeia é um fato e que já chega nos fertilizantes e em breve chegará nos preços dos alimentos.
Essa é uma dinâmica interessante, pois caso o Fed, banco central norte-americano, embarque em uma sequência de aumentos de cinco ajustes de 0,25% e, até mesmo em sete vezes mais, isso pode provocar muita volatilidade e uma queda inicial nos mercados.
Até lá, há muitas coisas para observar. É preciso ajustar as posições nas medidas em que os fatos vão ocorrendo.
Espero que você tenha gostado da edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.