Sunday Notes #62 - E agora, Vale?

27 de janeiro de 2019
Ivan Sant'Anna e Olivia Alonso comentam as principais notícias da semana.

Sunday Notes

Olá, leitor.

Muito triste a tragédia em Brumadinho. Estive lá há alguns anos, para visitar Inhotim, um dos lugares mais bonitos do nosso país, e desde sexta-feira tenho acompanhado o noticiário. E, por aqui, estamos também atualizando as carteiras que têm ações da Vale. Aos assinantes, sugiro acompanharem amanhã as respectivas séries. 

Hoje a Sunday Notes será mais longa porque no top 1 envio um texto completo com a opinião do Ivan Sant'Anna sobre Vale após o ocorrido.
     
1) Estou escrevendo este texto no final da tarde de sábado, 26 de janeiro, portanto bem depois do fechamento da Bolsa na quinta-feira e bem antes da abertura na segunda, 28.

Se não estivesse fechado na sexta, por causa do feriado em São Paulo, o mercado de ações teria tido um das sessões mais voláteis dos últimos tempos, tendo como protagonistas centrais as ações da Vale S.A. Estas teriam sido movidas pelo pânico.

Estou me referindo, é claro, ao rompimento de barragens de contenção de rejeitos de minério de ferro em Brumadinho, Minas Gerais, lançando um mar de lama sobre o córrego do Feijão, afluente do rio Paraopeba,  que por sua vez deságua no São Francisco.

Eu almoçava e assistia o programa Estúdio I, na Globo News, quando surgiram as primeiras notícias do desastre. Imediatamente lembrei que a Bolsa estava fechada. Só que meu DNA de trader me fez imaginar como as ações da mineradora iriam se comportar na segunda.

À noite, assisti a uma entrevista do presidente da Vale, Fabio Schvartsman, comparando a catástrofe atual com a de 5 de novembro de 2015, quando uma barragem da Samarco se rompeu em Mariana.

Segundo Schvartsman, o impacto ambiental desta vez será bem menor mas, por outro lado, a realidade de Brumadinho mostrará tragédias pessoais muito mais sérias.

É possível que haja centenas de pessoas soterradas na lama.

Evidentemente, as ações da Vale vão levar um tombaço na segunda-feira. Alguém poderia dizer: “Uma excelente oportunidade de compra.”

Não, não é.

Em primeiro lugar, como a mineradora tem dezenas de barragens de contenção como aquela, não se pode descartar a possibilidade de novos rompimentos.

Segundo, e mais importante. Com esse evento, a Vale passa agora a ter um tremendo passivo intangível. Estou me referindo a multas, indenizações, obrigatoriedade de reforçar as demais contenções.

Quando, em 24 de março de 1989, o navio petroleiro Exxon Valdezderramou óleo no litoral do Alasca, a Exxon foi multada em 2,5 bilhões de dólares, multa essa que a Suprema Corte dos Estados Unidos mais tarde reduziu para 500 milhões.

Em 2010, uma plataforma submarina da British Petroleum deixou que 4,9 milhões de barris de óleo cru (equivalentes a 240 milhões e 100 mil litros) vazassem no fundo do golfo do México, no maior derramamento de petróleo da História.

Um acordo extrajudicial permitiu que a BP pagasse uma indenização no valor de 5,2 bilhões de dólares.

Durante os próximos anos, talvez décadas, a Vale terá de arcar com desgastantes processos na Justiça. Multas por danos ao meio ambiente, ações penais contra os responsáveis pela construção e manutenção das barragens, ações indenizatórias por parte das famílias das vítimas.

A Vale tem condições de arcar com essas despesas. Seu valor de mercado (antes de Brumadinho, bem entendido) era de 70 bilhões de dólares.

Apesar disso, por mais que a ação caia agora na Bolsa, é cedo para se pensar em comprar. É preciso que as pendências em relação ao desastre se esclareçam primeiro. Não podemos nos esquecer que a companhia é um patrimônio valioso do Brasil, além de ser a quarta maior mineradora do mundo.

(Por Ivan Sant'Anna)

2) Muitas vezes já escrevemos para você que a Bolsa vai subir a cada sinalização positiva do governo. Nessa semana que passou, vimos isso acontecer claramente.

Paulo Guedes e suas declarações deixaram o mercado feliz e pimba!, recorde do Ibovespa.

       
Isso vai acontecer mais dezenas de vezes neste ano, o que me anima muito como Publisher de uma publicadora de conteúdos de investimentos. 

Nada como um mercado em alta paras pessoas se animarem a investir mais e mais... Nada como ter um time de ouro por aqui para ajudar essas pessoas a ganharem muito mais do que a média do mercado!

3) Quando falo em time de ouro, falo de pessoas como o George Chen. Ele é o mais discreto de nossos especialistas em investimentos, raramente aparece nos vídeos e newsletters. O negócio dele é se debruçar em análises, sem se cansar. 

E foi assim, discretamente e com uma inteligência ímpar, que ele foi construindo um track record invejável ao longo do ano passado, para o deleite dos assinantes que o acompanham. 

E é também dessa forma, discreta e focada no resultado, que ele convida você a acompanha-lo no projeto Acelerador de Ganhos, que tem por objetivo bater (de muito longe) o Ibovespa neste ano. O Gabriel Fortes, editor aqui na Inversa e profundo conhecedor do mercado financeiro, conta os primeiros detalhes neste vídeo

É só clicar na imagem abaixo para assistir.

     

4) Como temos muitos leitores iniciantes, vamos escrever alguns conteúdos e gravar vídeos no estilo “How to” a partir da semana que vem. Vamos reunir esses conteúdos em uma série especial que batizamos de "Como faço?".

Como faço para investir? Como começo a investir em ações? Como escolho a corretora? Como invisto em fundos? Como faço para ter uma renda adicional mensal via investimentos? ...

Quem não quiser receber vai pode se decadastar da série "Como faço?" na primeira edição, no domingo que vem.

5) Na última edição da Carteira Inversa, a equipe responsável pela série trocou a alocação em Bolsa de “acima da média” para “neutra”. A mudança não significa deixar de investir em Bolsa. Pelo contrário, o mercado de ações no Brasil está mais atrativo do que nunca.

No perfil agressivo, por exemplo, reduzimos para 50% a alocação em Bolsa (quer saber por que fizemos isso, veja aqui).

Eu vejo o momento do Brasil fantástico sobretudo para o investimento em Small Caps... Quando a Bolsa sobe, as Small Caps podem subir muito mais. 

Mas, assim como um investidor anjo não pode colocar todo o dinheiro em uma start up só, você não pode colocar todo o seu dinheiro de Small Caps em uma ação só. 

O anjo escolhe várias start ups para investir, apostando que uma ou duas vão vingar e compensar bastante as demais. A lógica é um pouco parecida com Small Caps. Sugiro investir em pelo menos 8 ações dessa categoria de uma vez, idealmente 10. Você pode também seguir uma carteira indicada por um especialista, com um filtro de qualidade, o que aumenta muito a chance de sucesso com um número maior de ações.

Por hoje é só.

Nos vemos no próximo domingo.

Um abraço,

Olivia Alonso

Conheça o responsável por esta edição:

Olivia Alonso

Publisher

Especialista em investimentos, Publisher e CEO da Inversa. É formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais na FIA e especialização em Finanças e Negócios na Universidade de Macau. Vencedora do VI Prêmio de Educação ao Investidor da CVM e autora do livro “Criando Riqueza: um guia prático de investimentos e finanças pessoais para leigos”. Trabalhou em agências de notícias no Brasil e no exterior, no iG, no jornal Valor Econômico, na Empiricus e no Seu Dinheiro.

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