Super Quarta: Brasil vs Estados Unidos
Por Rodrigo Natali
Numa conjunção bem rara de agendas, teremos nesta quarta-feira, dia 22 de setembro, os resultados das reuniões dos comitês de política monetária dos Bancos Centrais do Brasil (COPOM) e dos Estados Unidos (FOMC).
O primeiro vem fazendo altas de juros desde fevereiro, e deve continuar no ritmo atual de altas, elevando a taxa em 100bps para 6,25%. Tem chance de ser um pouco mais do que isso, mas acho difícil.
E o mercado espera que essas altas continuem até pelo menos a taxa atingir 8,25%. Normalmente, essa discussão seria bem acirrada, mas o presidente do Banco Central na semana passada veio a público e praticamente adiantou o resultado da reunião durante um evento particular de um banco privado de investimento.
Nós temos assistido a um grande problema na comunicação, talvez o grande responsável pela extrema volatilidade nas taxas de juros futuras que temos sofrido desde a última reunião, quando o mercado chegou até a precificar altas consecutivas de quase 150bps nas próximas reuniões.
Na ponta quase contrária, temos o BC americano, que é extremamente cauteloso com cada palavra que cita e que depois de muitos anos como o maestro dos mercados mundiais, goza de uma credibilidade tão grande que quando diz que algo como “a inflação é passageira”, os mercados que antes estavam mais preocupados se acalmam porque “se o FED falou, deve ser verdade”.
No horizonte de política monetária da instituição americana, temos duas opções: ou tudo continua igual e o BC mantém seu nível recorde de expansão monetária e diz que ainda não vê quando irá reduzi-la ou continua tudo igual, mas com ele dizendo que tem planos para iniciar a esperada redução, divulgando até uma agenda dizendo quanto e quando pretende fazer o movimento em direção a normalidade monetária.
Já o nosso BC não tem influência no mercado americano, mas o americano tem grande peso no que acontece aqui, não só através do dólar, mas como seu peso na percepção de risco de mercado. Logo, para nós, é como se tivéssemos um evento duplo no mesmo dia, ao passo que para eles, apenas mais um FOMC.
Acredito que não deveremos ter surpresas em nenhuma das duas reuniões. O COPOM deve subir 100bps e FOMC provavelmente deixa o anúncio do tapering para a próxima reunião. Mas, a gente nunca sabe e como temos duas potenciais surpresas no mesmo dia com impactos bem significativos, vale você ficar atento à live gratuita que faremos nessa “Super Quarta” a partir das 18:30h, comigo e Pedro Cerize.