A Vale distribuiu 11,8 bilhões de reais em dividendos

29 de julho de 2021
Com a divulgação dos resultados da Vale do segundo trimestre de 2021, analisamos os motivos pelos quais a empresa pode ser uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa.

A Vale distribuiu 11,8 bilhões de reais em dividendos

Por Nícolas Merola, CNPI; Antonyo Giannini, CNPI e Marcelo Cerize
 

Com a divulgação do resultados da Vale do segundo trimestre de 2021, reiteramos nesta atualização os motivos pelo qual a empresa pode ser uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa.

O faturamento da Vale no segundo trimestre foi de 16,7 bilhões de dólares, valor mais do que o dobro do divulgado no mesmo período do ano passado e 27% maior do que o apresentado no primeiro trimestre de 2021.

O resultado foi positivo, como já indicava as prévias operacionais divulgadas no dia 19 de julho, e veio em linha com as expectativas do mercado.

A empresa informou que planeja ter uma produção entre 315 e 325 milhões de toneladas de minério de ferro em 2021.

No segundo trimestre, a posição de caixa gerada pela operação motivada pelo impacto positivo da alta do preço do minério permitiu que a Vale distribuísse US$ 2,21 bilhões (R$ 11,8 bilhões) em dividendos para os acionistas, além de efetuar a recompra de US$ 2,0 bilhões em ações.

A expectativa para o terceiro trimestre é de distribuir ao menos mais US$ 5,3 bilhões em dividendos, o que representaria cerca R$ 5,40 por ação VALE3.

Negociando atualmente a 3,2x do seu lucro operacional, o preço da ação ainda embute uma queda expressiva no preço do minério de ferro, que poderia cair cerca de 50% para que VALE3 negocie próximo aos múltiplos de seus pares internacionais, como Rio Tinto, BHP.

Caso as condições de mercado se mantenham constantes e o preço do minério, apesar da queda de 10% de hoje (29/jul), fique na faixa dos US$ 200 por tonelada, a distribuição de dividendos pode ser ainda maior.

Confira o relatório abaixo, divulgado no dia 2 de julho, para mais informações.

 

Vale, uma mina de dinheiro

Por Nícolas Merola, CNPI; Antonyo Giannini, CNPI; Marcelo Cerize.
 

A Vale, nos preços atuais, embute uma queda no preço do minério de ferro de aproximadamente 50%. Entenda por que, se nada mudar no cenário atual, a Vale é uma mina de caixa e dividendos.

Que o dólar e o preço das commodities subiram, você já sabe.

Agora, o que você talvez não saiba é que, por conta dessa movimentação, a Vale (VALE3) pode ganhar o título de maior pagadora de dividendos da bolsa brasileira.

A Vale é a maior produtora de minério de ferro do mundo; esse mineral tem seu maior mercado no porto de Qingdao, China. Seu preço está próximo de US$ 212 por tonelada, 135% mais alto do que antes do início da pandemia.

Vamos fazer uma conta simples, mas não simplista, para que você entenda como avaliamos o investimento em VALE3. A Vale, atualmente, negocia na bolsa a um valor de mercado de aproximadamente US$ 110 bilhões e tem capacidade de produzir 350 milhões de toneladas ao ano, mas produz apenas de 300 milhões.

O minério de ferro é negociado na China a mais ou menos US$ 200 a tonelada. Estimamos que a Vale vende o minério no porto brasileiro a um preço próximo a US$ 150 por tonelada. O custo de produção da companhia - que é o menor no mundo – é aproximadamente US$ 40, ou seja, a empresa tem um lucro operacional de aproximadamente US$ 110 por tonelada.

Produzindo 300 milhões de toneladas e lucrando US$ 110 por tonelada, chegamos a um lucro operacional de US$ 33 bilhões, ou seja, ela negocia a 3,3 vezes seu lucro, o que consideramos ser abaixo do valor justo. Para que ela seja negociada a 6 vezes seu lucro, um valor razoável, o minério de ferro tem que cair para perto de US$ 100. Por isso, o preço atual da Vale já embute uma queda no preço do minério de ferro. Caso essa queda não aconteça, o que vier é ganho na veia para o acionista.

Considerando que suas concorrentes mundiais negociam acima de 10 vezes o lucro, e que para a Vale chegar lá o mineiro tem que cair para cerca de US$ 80, aos preços atuais, o acionista de Vale ainda conta com uma margem de segurança considerável, já que estará sentado sobre as melhores minas de minério de ferro do mundo.

Novamente, caso as condições de mercado se mantenham constantes e o preço do minério de ferro se encontre em patamares menores aos atuais, também é possível que o dividendo bruto possa ser de duas casas decimais para este ano e o próximo. Nossa projeção é de que seja próxima de 15% em 2021 e acima de 10% em 2022.

Bons investimentos!

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Marcelo Cerize

CEO

Marcelo Cerize é CEO da Inversa e do portal INV, sócio da Skopos Investimentos, trader e gestor com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro.

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Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

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Antonyo Giannini

Analista CNPI

Antonyo Giannini é analista CNPI formado em Ciências Econômicas e Administração de Empresas pelo Insper, com passagem pela Universitat Autònoma de Barcelona, na Espanha. Atualmente é responsável pelas carteiras Premium Caps, Ações Alpha e Renda Passiva Semanal, onde segue uma estratégia de renda com derivativos utilizando linguagem de programação avançada. Após anos estudando o mercado financeiro, se juntou em 2020 ao time de especialistas da Inversa Publicações.

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