Caro(a) leitor(a),
“Compre ao som dos canhões, venda ao som das trombetas.” Essa frase atribuída ao banqueiro Nathan Rothschild tinha como temática um assunto infelizmente muito atual, a guerra.
Segundo a mídia, a sua intenção com ela era, já no ano de 1810, expressar sua opinião de que em momentos de pessimismo, oportunidades tendem a se formar.
Apesar de a guerra atual não nos envolver diretamente, uma das commodities que teve seu preço mais afetado por conta dela foi o trigo, principal insumo da companhia brasileira M. Dias Branco (MDIA3), que é líder nacional em produção de massas e biscoitos com participação de mercado de aproximadamente 30%.
O trigo, que no início do conflito no dia 24 de fevereiro estava cotado a R$ 44,00 por bushel, atingiu R$ 69/bu e hoje custa R$ 56/bu na bolsa de Chicago, uma alta de mais de 25%. Já as ações da MDIA, que já vinha de uma queda de mais de 55% desde 2018, chegaram a mergulhar mais 15% neste período.
Em meio a todo esse pessimismo, a companhia conseguiu apresentar na última sexta-feira (18) um resultado trimestral bastante surpreendente. Uma receita 3% maior e um lucro 20% maior que o esperado em relação às estimativas de mercado.
Não me entenda mal, a empresa está longe de seu auge e mesmo que tenha superado as expectativas, ainda apresentou quedas significativas de geração de caixa operacional (-29%) e de lucro líquido (-30%) em 2021 em relação a 2020, principalmente, pelo processo de achatamento de margens. A margem EBITDA da companhia, que ao longo de sua história chegou a ser de 18%, agora, está próxima dos 10% e a margem líquida, que chegou a ser de 15%, hoje, está próxima dos 7%.
Mas tudo isso tem um custo, e o preço da companhia hoje, após tal queda, é semelhante ao somatório de seus ativos totais e 1,3 vez os seus ativos tangíveis, sendo eles fábricas e equipamentos. O preço da companhia é também hoje menor que suas vendas em um ano de operação e, para ser mais exato 0,9 vez, algo visto apenas durante a crise do subprime em 2009.
Como comentei, para que a M. Dias Branco volte a entregar resultados tão bons quanto em seus melhores momentos, muito tem que acontecer, mas não se pode ignorar que enfrentar essa tempestade perfeita em seu segmento e, ainda assim, conseguir gerar lucros durante todo este tempo é de se tirar o chapéu.
Agora, se ela continuará sendo o patinho feio ou se voltará a ser o cisne, só o tempo dirá.
Um abraço,
Nícolas Merola, CNPI
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