A recuperação na bolsa americana ontem: sinal amarelo!

25 de janeiro de 2022
Ontem tivemos um movimento de recuperação intraday histórico nas bolsas norte-americanas, algo muito comemorado pelas pessoas e em linha com nosso Relatório de ontem. Mas, olhando melhor, vemos uma realidade menos animadora.

A recuperação na bolsa americana ontem: sinal amarelo!

Por Rodrigo Natali

 

Caro (a) leitor (a),

No Relatório Especial de ontem (para ler, clique aqui) analisamos que a queda das ações norte-americanas pareciam exageradas e que poderiam se recuperar. O que aconteceu, logo depois, foi um movimento tão forte de retomada que tivemos que olhar para o passado e procurar quando isso tinha acontecido pela última vez e quantas vezes ocorreram na história. 

Basicamente, os índices de bolsa americanos chegaram a cair mais de 4% e fecharam subindo. A última vez que isso aconteceu para cada índice foram em:

Dow Jones - 19 de março de 2020
S&P 500 - 13 de novembro de 2008
Nasdaq - 10 de outubro de 2008

Ou seja, não é algo nem um pouco comum. Não víamos isso acontecer para o S&P 500, principal índice, há quase 14 anos.

Agora, vamos analisar a Nasdaq, a mais volátil dos três índices, fazendo com que a possibilidade de eventos assim seja maior com ele. Neste século, contanto com ontem, esses movimentos ocorreram 14 vezes, sendo nove no período pós-bolha das pontocom e seis no período da grande crise financeira de 2008. 

Abaixo temos uma tabela mostrando em cada data, o que aconteceu com o mercado em termos de retorno um dia depois dessa recuperação, seguidos de três dias, cinco dias, 10 dias e 20 dias.

 

 

Como podemos ver acima, o mercado em geral cai e faz novas mínimas depois de um evento como o de ontem. A exceção na tabela foi o que aconteceu após os ataques terroristas de 11 de setembro, quando não apenas o FED cortou os juros, como ainda declarou feriado bancário por uma semana. Então, o país se uniu completamente e começou a comprar ações como uma forma de demonstrar patriotismo.

E por que isso acontece? Porque depois de um movimento tão grande quanto o de ontem, os modelos de VAR de todo o mundo que operam na bolsa americana começam a apitar. 

Como explicamos esse efeito no mercado de pré nesta publicação, as pessoas são obrigadas a saírem reduzindo as posições ao descobrirem que há mais risco e que têm mais para perder na classe do ativo, o que acontece até mesmo com investidores profissionais. 

Muitas pessoas acharam o que aconteceu extremamente positivo e saíram comemorando. Nossa experiência e os dados mostram que não é bem por aí. Voltamos a reiterar nossa preocupação com a fragilidade da bolsa americana, principalmente, quando estamos vendo esses tipos de movimentos antes mesmo do FOMC (Federal Open Market Committee) começar a subir os juros. Porque apenas lembrando, ainda estamos com juros zero e com o QE (Quantitative Easing) operando a volumes imensos. Imagina daqui a um ano, quando segundo o mercado, o juros estaria a 2% e sem QE. Cautela, muita cautela, o ano vai ser bem complicado para o gringo.

Um abraço,
Rodrigo Natali 

Nota do editor: uma carteira que vinha vendida em S&P, zerou ontem perto da mínima e voltou a vender de novo. Para conferir, clique aqui.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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