Caro(a) leitor(a),
Países como Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos etc. têm uma política de preços de derivados de petróleo calcada no fato de que o consumo interno representa uma fração ínfima da produção local.
Por outro lado, Japão, Suíça e inúmeros outros não produzem uma gota sequer.
A turma de cima, da abundância, pode se dar ao luxo de vender quase que de graça (praticamente doar) gasolina, diesel, gás natural etc. para seus cidadãos, já que essa política não afeta praticamente em nada a receita de hidrocarbonetos do país.
O grupo da escassez tem de praticar os preços internacionais, que são os que pagam pelo petróleo ou derivados que importam.
O Brasil ficou no meio do caminho. Produz aproximadamente o que consome, com um complicador: precisa exportar alguns tipos de óleo e importar outros por razões técnicas.
Nos anos 1970, só para dar um exemplo, nós produzíamos apenas 20% do consumo. Portanto era necessário praticar os preços internacionais. Optamos pelo racionamento. Mesmo assim, a balança comercial sofreu muito.
Como a dificuldade é mãe da criatividade, desenvolvemos o Proálcool já que terra cultivável e cana de açúcar tínhamos (e continuamos tendo) em profusão.
Descobertas as jazidas submarinas da bacia de Campos, e mais tarde as do pré-sal, o país se encaminhou para a autossuficiência.
Só que a Petrobras volta e meia se esquece que é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas tanto na B3 como em Nova York. Como tal, deveria atender, prioritariamente, os interesses dos acionistas, dos quais o maior é a própria União.
Ontem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu que a empresa venda derivados de petróleo aos brasileiros tendo como base o seu custo de produção.
Nesse ponto, os petistas estão quase alinhados com a nova doutrina bolsonarista.
Por “incrível coincidência”, este é um ano eleitoral em cujo segundo turno os “aliados” acima deverão disputar o Planalto.
Acho que chegou a hora da definição. Ou se considera a Petrobras uma empresa com fins estritamente lucrativos ou se feche o capital e a tratemos como empresa de utilidade pública.
Do jeito que está é que não pode ser. Só serve para criar confusão e perplexidade no mercado.
Ivan Sant'Anna
Nota do editor: Ivan Sant'Anna também escreve, com exclusividade, todas as segundas, terças e quintas-feiras para a coluna Warm Up PRO que você pode assinar clicando aqui!