Para onde irá o dólar

25 de março de 2022
Reparem que, nesta coluna de hoje, o spread dos palpiteiros para a cotação do dólar contra o real variou de R$ 7,00 a R$ 4,10. Mas afinal, para onde irá a moeda americana?

Caro(a) leitor(a),

Sem ponto de interrogação ao final do título desta crônica, fica parecendo que vou fazer uma previsão, meu Focus pessoal, e não indagando até que ponto esse bear market do dólar (ou bull market do real) irá nos levar.

Passamos todo o ano de 2021 vendo as previsões do boletim mensal do BC para a inflação, taxa Selic, PIB e dólar. Neste último quesito, não variava muito. Ficava quase sempre entre R$ 5,00 e R$ 5,50. Para o final de 2022, bem entendido.

Pode ser até que eles acertem, mas não é isso que o mercado está nos mostrando, com a moeda americana cotada ontem a R$ 4,80, tendo feito um low de R$ 4,76.

Mas voltemos aos Focus. Em 7 de junho do ano passado, o consenso era de que o dólar fecharia 2022 a R$ 5,47.

Três meses mais tarde, em 6 de setembro de 2021, vaticinava-se o câmbio, sempre para o final de 2022, a R$ 5,20.

Finalmente, no penúltimo Focus do ano, o real se deteriorou. Subiu (no juízo dos economistas consultados pelo BC) para R$ 5,57.

Isso aconteceu há apenas três meses.

Quem foi de Focus no mercado futuro da B3, e alavancou sua posição, se já não fez um stop está comendo o pão que o diabo amassou.

A cotação do dólar pode chegar a R$ 7,00, havia dito a UBS no ano passado, provavelmente se referindo a uma provável eleição de Lula em novembro.

Pois não é que ontem o Credit Suisse admitiu que as verdinhas (que devem estar vermelhas de vergonha) podem cair até R$ 4,10 ao final deste ano?

Resumo da ópera: em câmbio, previsões não valem nada.

O que se pode dizer é que esses dogmas de “moeda refúgio”, “fly to quality”, etc. estão caindo por terra.

Não por acaso a Arábia Saudita está costurando um acordo com a China, através do qual os chineses pagariam suas compras de petróleo em yuan.

Minha impressão é de que a partir de agora os países começarão a manter suas reservas internacionais numa cesta de moedas, e até quem sabe em estoques de commodities não perecíveis.

Pode ser até que o real entre na cesta. Com Bolsonaro, Lula, crise político-fiscal etc., etc.

Reparem que, nesta coluna de hoje, o spread dos palpiteiros para a cotação do dólar contra o real variou de R$ 7,00 a R$ 4,10.

E por que não as duas moedas ao par, já que nesse tema vale chutar qualquer coisa?

Um forte abraço,

Ivan Sant'Anna

Nota do editor: Ivan Sant'Anna, uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, pode te guiar pelo mundo dos investimentos com suas crônicas e sugestões, que saem todas as segundas, terças e quintas-feiras na  coluna Warm Up PRO que você pode assinar clicando aqui!

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Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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