Caro(a) leitor(a),
Sem ponto de interrogação ao final do título desta crônica, fica parecendo que vou fazer uma previsão, meu Focus pessoal, e não indagando até que ponto esse bear market do dólar (ou bull market do real) irá nos levar.
Passamos todo o ano de 2021 vendo as previsões do boletim mensal do BC para a inflação, taxa Selic, PIB e dólar. Neste último quesito, não variava muito. Ficava quase sempre entre R$ 5,00 e R$ 5,50. Para o final de 2022, bem entendido.
Pode ser até que eles acertem, mas não é isso que o mercado está nos mostrando, com a moeda americana cotada ontem a R$ 4,80, tendo feito um low de R$ 4,76.
Mas voltemos aos Focus. Em 7 de junho do ano passado, o consenso era de que o dólar fecharia 2022 a R$ 5,47.
Três meses mais tarde, em 6 de setembro de 2021, vaticinava-se o câmbio, sempre para o final de 2022, a R$ 5,20.
Finalmente, no penúltimo Focus do ano, o real se deteriorou. Subiu (no juízo dos economistas consultados pelo BC) para R$ 5,57.
Isso aconteceu há apenas três meses.
Quem foi de Focus no mercado futuro da B3, e alavancou sua posição, se já não fez um stop está comendo o pão que o diabo amassou.
A cotação do dólar pode chegar a R$ 7,00, havia dito a UBS no ano passado, provavelmente se referindo a uma provável eleição de Lula em novembro.
Pois não é que ontem o Credit Suisse admitiu que as verdinhas (que devem estar vermelhas de vergonha) podem cair até R$ 4,10 ao final deste ano?
Resumo da ópera: em câmbio, previsões não valem nada.
O que se pode dizer é que esses dogmas de “moeda refúgio”, “fly to quality”, etc. estão caindo por terra.
Não por acaso a Arábia Saudita está costurando um acordo com a China, através do qual os chineses pagariam suas compras de petróleo em yuan.
Minha impressão é de que a partir de agora os países começarão a manter suas reservas internacionais numa cesta de moedas, e até quem sabe em estoques de commodities não perecíveis.
Pode ser até que o real entre na cesta. Com Bolsonaro, Lula, crise político-fiscal etc., etc.
Reparem que, nesta coluna de hoje, o spread dos palpiteiros para a cotação do dólar contra o real variou de R$ 7,00 a R$ 4,10.
E por que não as duas moedas ao par, já que nesse tema vale chutar qualquer coisa?
Um forte abraço,
Ivan Sant'Anna
Nota do editor: Ivan Sant'Anna, uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, pode te guiar pelo mundo dos investimentos com suas crônicas e sugestões, que saem todas as segundas, terças e quintas-feiras na coluna Warm Up PRO que você pode assinar clicando aqui!