Ouro ou bitcoin: uma indagação intrigante
Por Ivan Sant'Anna
Em 1966, quando eu era estudante da New York University, os alunos de minha turma receberam cada um a tarefa de entrevistar um banqueiro.
Escolhi o Edmond Safra, que era amigo de meu pai e dono do Republic Bank. Mais tarde, se tornaria um dos homens mais ricos do mundo.
Durante a entrevista, Edmond desancou o dólar. Disse que a moeda americana era doente. Disse também que as pessoas deveriam comprar marcos alemães e ouro, principalmente ouro, então fixado em US$ 35,40 pelo governo americano, ainda tendo como base o acordo de Bretton Woods (1944).
Para criar o personagem Salomon Abramovitch em meu livro Os Mercadores da Noite, me baseei em Edmond Safra.
No início dos anos 1970, Richard Nixon mandou Bretton Woods às favas e liberou o preço do ouro. Nos anos seguintes, o metal subiu até US$ 675.00, cotação atingida no final de 1979 e início de 1980.
Em 1976, a editora Nova Fronteira publicou no Brasil a versão em português da ficção A Crise de 79, na qual o autor, Paul E. Erdman, tal como Edmond Safra, previa o declínio do dólar e a alta do ouro.
Liberado dos grilhões de Bretton Woods, o ouro passou a ser defesa contra tudo: juros negativos, inflação, alta do petróleo, crises políticas, guerras etc.
De algum tempo para cá, o metal tornou-se uma commodity aborrecida, que pouco varia de preço. Foi substituído por um ativo extremamente volátil.
Tenho certeza que os leitores devem estar percebendo que estou me referindo ao bitcoin.
Vou me estender na indagação do título:
Se você, caro leitor, tivesse de comprar um ativo para levá-lo até o final da vida, sem poder vendê-lo em hipótese nenhuma, e tivesse apenas duas opções, ouro e bitcoin, qual dos dois escolheria?
Não vou responder por você, amigo. Mas tenho certeza de que sei sua resposta.