Caro(a) leitor(a),
A Europa e grande parte do mundo atravessaram, de quinta-feira para hoje, uma noite de terror por causa do incêndio na usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior do Velho Continente, provocada por bombardeio russo.
De início, chegou a se cogitar que poderia haver um vazamento radioativo dez vezes maior do que o de Chernobyl, na mesma Ucrânia, 36 anos atrás. Só que, para sorte da Europa, e até mesmo do mundo, o fogo não atingiu os reatores.
Os russos ocuparam a usina e obviamente não irão explodi-la.
Foi-se o perigo maior, mas o susto e o medo permaneceram. Tanto é assim que as moedas europeias estão derretendo contra o dólar.
Nas últimas semanas, o real, quem poderia imaginar, tornou-se um porto seguro. O dólar está ameaçando romper, para baixo, a barreira psicológica de cinco reais.
Diversos fatores podem explicar isso:
− O spread entre as taxas de juros brasileiras e a praticada pelo FED nunca foi tão atraente para quem quiser aplicar aqui.
− Embora o Brasil tenha votado contra a Rússia no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral extraordinária das Nações Unidas, Jair Bolsonaro defende um cessar-fogo e mantém diálogo com Vladimir Putin. Isso poderá ser útil no caso, mais do que possível, do agravamento da crise.
− Nós somos uma potência na produção e exportação de commodities que, em sua grande maioria, não param de subir.
Só para dar um exemplo, na Quarta-feira de Cinzas, 5 bilhões de reais de dinheiro de fora entraram na B3. E tudo indica que esse fluxo não irá parar por aí.
Guerra é sempre um evento trágico, mas quanto mais distante dela se estiver, tanto política como geograficamente, melhor.
Ivan Sant’Anna
Nota do editor: Ivan Sant'Anna também escreve, com exclusividade, todas as segundas, terças e quintas-feiras para a coluna Warm Up PRO que você pode assinar clicando aqui.