Juros de 10%, mais cedo do que imagina
Curva de juros esconde taxa de dois dígitos já para 2023
Por Rodrigo Natali
Se você ligar hoje num banco para fazer um CDB pré-fixado para o final de 2.023, provavelmente vai receber como referência uma taxa para a aplicação de pelos menos 9,05% ao ano. Mas, essa taxa na verdade, esconde um número maior: os juros esperados para o ano de 2.023 já está acima de 10%.
Como assim? Isso acontece porque a taxa de juros pré-fixada para os prazos mais longos é uma média de quanto está hoje até quanto o mercado projeta que estará lá no dia do vencimento da operação. E, como temos diferentes prazos, conseguimos deduzir algo que à primeira vista não aparece quando olhamos as taxas até o vencimento.
Nesse momento, a cotação dos títulos pré-fixados livres de risco (títulos do governo) que vencem ao final de 2022 está precificada a 8,35% ao ano.
No entanto, como disse acima, para o final de 2023 essa cotação sobe para 9,05%. Logo, uma vez que essas taxas são médias do rendimento daqui até o vencimento, os juros ao longo do ano de 2023 terão que ser bem mais altos que 8,35% para fazer a média subir até 9,05% como vemos nessa tabela abaixo, com as taxas médias dos títulos para os finais dos próximos anos:
Assim, para chegarmos a esse valor, a taxa real projetada pelo mercado para o ano de 2023, “escondida” sob esse 9,05%, portanto, é de 10,04%.
Dessa forma, enquanto muitos ainda tem a impressão de que os juros chegariam a patamares acima dos dois dígitos só no longínquo ano de 2028, concluímos que, na realidade, deveremos conviver com esse número já em 2023, com todos os riscos e oportunidades que essa nova realidade traz a reboque.