Inflação: o mundo retroagiu meio século

8 de abril de 2022
A inflação aumentou e o único consolo que resta aos brasileiros, se podemos chamar isso de consolo, é que desta vez não estamos no barco sozinhos.

Hoje pela manhã, antes da abertura dos mercados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março: 1,62%. A média de projeção dos analistas era de 1,35%. Nos últimos 12 meses, o número foi de 11,30%.

Tal nível não acontecia desde o primeiro semestre do governo Lula, quando os agentes econômicos, desconfiados, ainda procuravam se defender das consequências de um governo “socialista”, reajustando defensivamente seus preços.
    
Naquela ocasião, mais precisamente em maio de 2003, o IPCA de 12 meses batera 17,24%. Depois, ao longo de muitos anos, se estabilizou entre dois e seis por cento. 

A diferença do que está acontecendo agora é que a inflação é mundial.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os alimentos em geral atingiram preços recordes e não dão sinal de queda. O mesmo acontece com as commodities em geral, que nos últimos tempos subiram 40%.

Na Comunidade Europeia, o PPI (sigla em inglês para Índice de Preços dos Produtores) anual bateu inacreditáveis 31,6%.
    
Em março, o CPI (inflação dos consumidores) elevou-se a 7,5% nos 19 países que compõem a Zona do Euro. Esse número é recorde desde a criação da moeda comum europeia.

Em termos de inflação, o mundo retroagiu meio século.
    
A última vez que esse fenômeno aconteceu foi nos anos 1970, após a guerra do Yom Kippur (outubro de 1973) e o consequente 1º choque do petróleo.

Na época, a única maneira de domar o dragão foi elevando fortemente as taxas de juros, trazendo como consequência recessão mundial.

Nem todas as crises inflacionárias são iguais. Portanto, os remédios também podem variar. Ainda mais porque temos três complicadores: renitência da Covid; guerra da Ucrânia; carência de grandes líderes mundiais.

O único consolo que resta aos brasileiros, se podemos chamar isso de consolo, é que desta vez não estamos no barco sozinhos, como aconteceu tantas vezes.


Ivan Sant’Anna

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Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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