Elon Musk aperta e compra o Twitter

26 de abril de 2022
Desde quando Musk se tornou o maior acionista individual do Twitter até a aceitação de sua proposta pela totalidade da empresa, muita coisa aconteceu. No Relatório Especial de hoje, saiba como se deu todo movimento de compra dessa rede social.

Desde o começo de abril, quando Elon Musk se tornou o maior acionista individual do Twitter, até a aceitação final de sua proposta de US$ 44 bilhões em dinheiro pela totalidade da empresa, muita coisa aconteceu. Apesar de muito rápido, tivemos diversos desdobramentos, eventos, comentários, discussões e muitos passaram batidos. Portanto, não é nada mal relembrarmos tudo que rolou neste evento, que foi, no mínimo, muito interessante.

Tudo começou no dia 4 de abril de 2022, quando documentos da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), apontaram que o empresário havia adquirido US$ 2,9 bilhões em ações do Twitter, valor que representava 9,2% do capital da companhia, tornando Musk o maior acionista individual da empresa, fazendo com que suas ações subissem 32% no mesmo dia.

Após isso, Musk utilizou a plataforma para prometer melhorias na rede social, como por exemplo, o desenvolvimento de um botão para editar tweets.

Com o negócio, o bilionário foi indicado para o Conselho de Administração da empresa, porém, uma semana depois, o CEO do Twitter, Parag Agrawal, afirmou que o Musk havia declinado o convite, mas que os executivos seguiam abertos à contribuição que o empresário trazia à empresa.

É importante destacar que membros do conselho não podem adquirir mais de 14,9% das ações da empresa. Essa é uma estratégia para evitar que membros recém-chegados assumam o controle total da rede social.

Portanto, o sul-africano decidiu fazer isso de outra forma e em 14 de abril fez uma nova investida ainda maior na empresa de Comunicação e Tecnologia e anunciou uma oferta hostil por todas as ações da companhia no valor de US$ 44 bilhões ou US$ 54,20 por ação. 

Além disso, o valor da proposta de Musk pelo Twitter também chamou a atenção, US$ 54,20 por ação, o que para muitas pessoas faz parte de um código. O que acontece é que “4:20” é conhecido mundialmente como o número símbolo da maconha.

Em outra ocasião passada, o número já havia sido utilizado pelo bilionário, quando fez proposta para fechar o capital da Tesla, empresa em que é o maior acionista pelo valor de 420 dólares por ação.

Naquela ocasião, Elon Musk não tinha as devidas condições financeiras para fechar o capital da Tesla. Como consequência, a “falsa” proposta acarretou a ele uma multa de US$ 30 milhões e a perda do cargo de CEO da empresa automotiva. A decisão foi imposta pela SEC, órgão regulador da bolsa norte-americana, uma espécie de xerife do mercado de capitais por lá.

No início das negociações, a administração do Twitter teve a mesma suspeita do que ocorreu no passado e, desta vez, no entanto, Musk se organizou junto com o Morgan Stanley para conseguir o capital necessário para honrar sua proposta.

O objetivo, desta vez, era adquirir todos os valores mobiliários do Twitter com as devidas condições financeiras e, com isso, Musk fecharia o capital.

A proposta não foi bem recebida pelo conselho da companhia, que ofereceu resistência em aceitá-la. Isso levou Elon a questionar tudo sobre a plataforma, desde o modelo de negócios, até a cultura de funcionários da empresa e, principalmente, a forma como a rede social lida com a liberdade de expressão. Em carta ao presidente do Conselho, Bret Taylor, Musk afirmou que, desde que fez o seu investimento, percebeu que a empresa não prosperaria, afirmando ainda que: “minha oferta é a minha melhor oferta e a final e, se não for aceita, precisarei reconsiderar minha posição como acionista”.

Além disso, ainda afirmou que os conselheiros não estavam alinhados com os acionistas, visto que não detinham quase nenhuma ação da empresa, e que se sua proposta fosse aceita, eles passariam a não ser remunerados pela função, o que economizaria US$ 3 milhões anuais para a companhia.

Segundo ele, a plataforma tem um "potencial tremendo" e deve ser uma espécie de "arena" de defesa da liberdade de expressão. "A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça da cidade digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos", disse Musk.

No dia 24, o Conselho do Twitter, pressionado pelos acionistas, se reuniu e decidiu aceitar a proposta feita por Musk. O acordo deve ser firmado ainda este ano, passando, portanto, a ser uma companhia de capital fechado.

Com a aquisição por parte de Elon Musk, muitas coisas devem mudar na plataforma digital e certamente teremos novos episódios interessantes envolvendo o Twitter e seu controlador. A nós só resta esperar para ver as mudanças que o sul-africano irá propor e se a qualidade da empresa para seus usuários irá aumentar como parte de seus fãs espera. 

 

João Abdouni, CNPI

Colaborou Pietro Tortoreli

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Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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