Quarta-feira o Itaú divulgou seus resultados referente ao terceiro trimestre de 2021. Os principais números vieram em linha com as expectativas do mercado, por exemplo um lucro de R$6,8 bilhões. Entretanto, alguns detalhes como o crescimento mais lento do crédito e as reservas para calotes preocuparam o mercado e geraram queda nas ações do setor de uma forma geral.
Ontem foi a vez do Bradesco divulgar seu relatório trimestral. Também com um lucro de R$6,8 bilhões, mas comparativamente com mais qualidade nas mesmas áreas que preocupam o mercado em Itaú.
Por isso, nossa preferência e recomendação na carteira Ações Alpha foi, e ainda é, Bradesco (BBDC3). Para quem já assina nossa série, até agora, a troca já gerou um retorno 4% maior que do Itaú (ITUB4).
Índice de cobertura
O índice de cobertura é a divisão do saldo total de reservas para inadimplências (PDD) sobre os empréstimos vencidos há mais de 90 dias.
Para o Itaú, esse índice vem caindo de 339% no terceiro trimestre de 2020 para 283% no segundo trimestre de 2021 e chegou ao nível mais baixo no terceiro trimestre, de 234% (imagens abaixo).
Fonte: RI Itaú
A administração comentou que o consumo adicional das reservas para inadimplência, são problemas com clientes específicos de outros países da américa latina, onde o mercado com maior exposição por parte da instituição é o Chile, e do segmento de Atacado (grandes empresas) do Brasil.
A administração do banco destacou que nos últimos trimestres foram feitas reservas adicionais devido às questões relacionadas ao Covid-19, e que essas reservas podem ser consumidas em caso de um aumento da inadimplência ao longo dos próximos trimestres.
Já o Bradesco apresentou um índice de cobertura de 297%, mais próximo que o do trimestre anterior de 324% (imagem abaixo).
Fonte: RI Bradesco
Estimativa de recomposição da reserva
Preparamos um estudo onde buscamos recompor os níveis de reservas do Itaú do mês de junho de 2021.
Como pode ver no quadro abaixo, a reserva para perdas, registrada no balanço do mês de junho de 2021, foi de R$43,5 bilhões. Já em setembro, o montante somou R$41,9 bilhões.
Fonte: RI Itaú
Caso o banco fosse recompor o mesmo saldo de reservas de junho estimamos que as despesas com inadimplências precisariam ser de R$7,2 bilhões no trimestre e foram de R$5,6 bilhões.
Com isso, o lucro recorrente, que foi de R$6,8 bilhões, seria de R$5,5 bilhões e o retorno sobre patrimônio (ROE) cairia de 19,7% para 16%.
A redução da reserva poderia ser explicada caso o consumo se estabilizasse ou aumentasse nos próximos trimestres. No entanto, na teleconferência, o CEO comentou que o cenário para 2022 é “pouco encorajador”, possivelmente pelo crescimento mais lento da do crédito ou por uma possível recomposição de reservas.
Isso pode ser contrário à redução do estoque de reservas para inadimplência, ou indicar uma expectativa de menor crescimento da carteira de crédito.
Os desafios de 2022 preocuparam o mercado, uma vez que as ações de ITUB4 caíram 5,28% após o resultado.
Também preparamos essa mesma análise para o Bradesco:
Fonte: RI Bradesco
Repare que diferente do Itaú, a cobertura para inadimplências do Bradesco permanece do mesmo tamanho do segundo trimestre de 2021 e que o efeito da diminuição de reservas no resultado foi menor. O Bradesco registrou um gasto com possíveis inadimplências de R$3,4 bilhões de reais e o Itaú de R$5,6 bilhões.
Comparação de valor justo
Como comentamos, os lucros dos bancos foram parecidos no trimestre: de R$6,8 bilhões. No entanto, a qualidade dos números apresentados pelo Bradesco foi superior.
Na comparação do valor de mercado, o Bradesco é mais atrativo. Atualmente está negociando a R$171,5 bilhões vs. R$215 bilhões do Itaú, refletido nos indicadores abaixo:
Conclusão
Embora considerarmos as ações do Itaú um bom investimento, como falamos no relatório de ontem, mantemos nossa preferência pelo Bradesco entre os bancos privados por estar mais descontada e vir apresentando números mais equilibrados.