Depois dos resultados: Itaú x Bradesco, qual o melhor agora?

5 de novembro de 2021
Ontem o Bradesco divulgou seu relatório trimestral. Como o Itaú, veio com um lucro de R$6,8 bilhões, mas com mais qualidade nas mesmas áreas que preocupam o mercado em relação ao rival.

 

Quarta-feira o Itaú divulgou seus resultados referente ao terceiro trimestre de 2021. Os principais números vieram em linha com as expectativas do mercado, por exemplo um lucro de R$6,8 bilhões. Entretanto, alguns detalhes como o crescimento mais lento do crédito e as reservas para calotes preocuparam o mercado e geraram queda nas ações do setor de uma forma geral. 

Ontem foi a vez do Bradesco divulgar seu relatório trimestral. Também com um lucro de R$6,8 bilhões, mas comparativamente com mais qualidade nas mesmas áreas que preocupam o mercado em Itaú.

Por isso, nossa preferência e recomendação na carteira Ações Alpha foi, e ainda é, Bradesco (BBDC3). Para quem já assina nossa série, até agora, a troca já gerou um retorno 4% maior que do Itaú (ITUB4).

 

Índice de cobertura

O índice de cobertura é a divisão do saldo total de reservas para inadimplências (PDD) sobre os empréstimos vencidos há mais de 90 dias.

Para o Itaú, esse índice vem caindo de 339% no terceiro trimestre de 2020 para 283% no segundo trimestre de 2021 e chegou ao nível mais baixo no terceiro trimestre, de 234% (imagens abaixo).

Fonte: RI Itaú

A administração comentou que o consumo adicional das reservas para inadimplência, são problemas com clientes específicos de outros países da américa latina, onde o mercado com maior exposição por parte da instituição é o Chile, e do segmento de Atacado (grandes empresas) do Brasil. 

A administração do banco destacou que nos últimos trimestres foram feitas reservas adicionais devido às questões relacionadas ao Covid-19, e que essas reservas podem ser consumidas em caso de um aumento da inadimplência ao longo dos próximos trimestres.

Já o Bradesco apresentou um índice de cobertura de 297%, mais próximo que o do trimestre anterior de 324% (imagem abaixo).

Fonte: RI Bradesco

 

Estimativa de recomposição da reserva

Preparamos um estudo onde buscamos recompor os níveis de reservas do Itaú do mês de junho de 2021.

Como pode ver no quadro abaixo, a reserva para perdas, registrada no balanço do mês de junho de 2021, foi de R$43,5 bilhões. Já em setembro, o montante somou R$41,9 bilhões.

Fonte: RI Itaú

Caso o banco fosse recompor o mesmo saldo de reservas de junho estimamos que as despesas com inadimplências precisariam ser de R$7,2 bilhões no trimestre e foram de R$5,6 bilhões. 

Com isso, o lucro recorrente, que foi de R$6,8 bilhões, seria de R$5,5 bilhões e o retorno sobre patrimônio (ROE) cairia de 19,7% para 16%.

A redução da reserva poderia ser explicada caso o consumo se estabilizasse ou aumentasse nos próximos trimestres. No entanto, na teleconferência, o CEO comentou que o cenário para 2022 é “pouco encorajador”, possivelmente pelo crescimento mais lento da do crédito ou por uma possível recomposição de reservas.

Isso pode ser contrário à redução do estoque de reservas para inadimplência, ou indicar uma expectativa de menor crescimento da carteira de crédito.

Os desafios de 2022 preocuparam o mercado, uma vez que as ações de ITUB4 caíram 5,28% após o resultado. 

Também preparamos essa mesma análise para o Bradesco:

    

Fonte: RI Bradesco

Repare que diferente do Itaú, a cobertura para inadimplências do Bradesco permanece do mesmo tamanho do segundo trimestre de 2021 e que o efeito da diminuição de reservas no resultado foi menor. O Bradesco registrou um gasto com possíveis inadimplências de R$3,4 bilhões de reais e o Itaú de R$5,6 bilhões.

 

Comparação de valor justo

Como comentamos, os lucros dos bancos foram parecidos no trimestre: de R$6,8 bilhões. No entanto, a qualidade dos números apresentados pelo Bradesco foi superior.

Na comparação do valor de mercado, o Bradesco é mais atrativo. Atualmente está negociando a R$171,5 bilhões vs. R$215 bilhões do Itaú, refletido nos indicadores abaixo: 

Conclusão 

Embora considerarmos as ações do Itaú um bom investimento, como falamos no relatório de ontem, mantemos nossa preferência pelo Bradesco entre os bancos privados por estar mais descontada e vir apresentando números mais equilibrados.

 

 

Conheça o responsável por esta edição:

Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

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João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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